É PESO DEMAIS PARA UMA ÚNICA PESSOA

By Tiago Ferreira - 28.12.16

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Tenho tentado sorrir de forma que seja bastante convincente e real para que todos sempre se lembrem de mim pelo o que possivelmente tenho de melhor; minha alegria. Tenho mudado, comentado e falado alegremente para que todos sempre aliem a minha imagem ao que é feliz e bom. Tenho me mantido firme e estável como se jamais tivesse caído e sido tratado feito um louco. Tenho aparentado estar bem por já ter desabafado tantas vezes, por ter escrito tantas palavras e por ter chorado bastante.

Eu só tenho existido, sorrido e pensado positivo que tenho causado certos tipos de duvidas em quem pensou que eu estava prestes a desistir de tudo. Tenho seguido em frente com a cabeça erguida e com o coração cheio de esperança simplesmente para confundir e enganar muita gente. Tenho, com tamanha maestria, retomado meu papel de ator. Decidi levantar e restabelecer a minha fortaleza, os meus muros fortes e seguros que separam as minhas emoções de qualquer outra pessoa. Estou voltando a encenar e a viver algo que simplesmente não sou por estar exausto de sofrer, de cair e de me quebrar por ter me permitido estar sempre tão vulnerável.

Estou retomando meus traços de um guerreiro solitário. Quem vai me condenar por isso? Me coloquei em vigilância e minha melhor defesa contra meu próprio caos sempre foi estar protegido de tudo que está a minha volta. O terremoto teve causas externas, mas depois que chegou ao fim fiquei sozinho nas minhas próprias ruínas. Não entendo de vez em quando tudo o que tem me acontecido, mas simplesmente rego o meu jardim para tentar me encher novamente de vida; minhas lágrimas sempre parecem me ajudar.

São tantas as tragédias e tamanhas frustrações que sempre me pergunto como consigo lidar com tudo isso sozinho. São muitos acontecimentos, são muitas lembranças, são tantos os arrependimentos e são tantas as vontades e inúmeros sonhos que as vezes parece que morrerei sufocado. Quando eu queria lembrar apenas das coisas boas, meus traumas e meus pesadelos me massacravam. Quando eu queria ser amado como eu simplesmente amava, eu só conseguia ser machucado. Quando eu queria sonhar e realizar meus sonhos, tudo e todos se posicionavam contra aquilo que me fazia feliz.

Há anos tenho acreditado na vida mais uma vez, assim como continuo acreditando nas pessoas. A correnteza das decepções é tão intensa e forte que praticamente me afoga sempre que baixo a guarda. Eu ainda penso em tanta coisa, tantas situações ainda insistem em me procurar, inúmeras cicatrizes ainda doem como machucados recentes e tudo que está a minha volta sempre consegue tirar de mim a tranquilidade e paz e a fé. É completamente péssimo viver rodeado pela dor constante e pelo maldito sentimento de impotência. É dilacerante passar a maior parte do tempo correndo da dor, quanto que ela incansavelmente te persegue. Meus pés jamais se recusaram a sair do lugar, mas quando se tem um peso drasticamente enorme em suas costas parece impossível continuar em frente. Além do mais, preciso também assumir que por vezes me permiti cair enquanto tinha forças para continuar. Eu poderia ter nadado contra a correnteza tantas vezes, mas me permiti morrer afogado.

Tenho estado cheio de duvidas e longe das minhas certezas. Decidi me afastar de todos e tenho me sentido cada dia mais distante de todos os meus sonhos. Cansei de sempre me sentir vivendo por todos, sentindo por todos e construindo por todos. São tamanhos os meus problemas e minhas dores que não consigo mais acumular tarefas e missões.

Sei que ainda dói e sei que não irá parar de doer tão cedo, mas ainda consigo acreditar num caminho, numa possibilidade e numa possível mudança de trajeto no sentido natural das coisas. Eu sempre serei pequeno demais perante tudo que me cerca, mas jamais serei pequeno perante a minha história quando conseguir olhar para ela sem chorar.

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