O MONÓLOGO DE MATTEUS PORTILLO

By Tiago Ferreira - 18.4.18

Escrever para mim sempre foi uma necessidade, mas eu não teria desenvolvido esse dom se não fosse pela leitura. Ler é a minha porta de abertura para fugir da realidade e essa possibilidade é que me faz ter como paixão esse hábito. É exatamente por esse motivo que hoje vou falar sobre um escritor que me tem como leitor, o meu amigo Matteus Portillo.

Reprodução: Fotografia retirada da página do G+ do autor.
Nunca tive um estilo e/ou gênero de escrita favoritos, mas, como poeta, sempre fui atraído por poesias. Como escritor, sempre me vi distante dos parâmetros e regras que regem a construção textual por simplesmente me considerar livre para atribuir meus próprios moldes aos meus escritos e, seguindo essa linha, encontrei essa característica em comum com o autor do Monóloguz.

Matteus é um autor tão jovem quanto eu, mas nitidamente é um jovem que traz consigo uma grande bagagem de vida. Por intermédio das suas poesias e derivados sempre foi possível sentir que existe muito a ser falado sobre o muito que se é sentido. O escritor é basicamente sucinto em suas composições usando do recurso direto em sua narrativa como se basicamente fosse ao assunto sem qualquer espécie de rodeio. Esse estilo de escrita sempre me chamou muito a atenção por dificultar ainda mais a interpretação textual do interlocutor. Nunca estamos preparados para ler algo que entrega logo de cara a proposta que permeou aquele tema. E mesmo que se perceba o possível sentimento que conduziu o autor até aquela composição, sempre colocamos os nossos sentidos acima. É como se a possibilidade de interpretação fosse um recurso do autor para nos alcançar como leitores, permitindo que nossos sentimentos se tornem o sentido da sua composição. Essa forma de escrita é que permite com facilidade a identificação imediata com os compostos que são apresentados por Portillo.

Me pergunto

Se isso é um sinal do amor
Ou isca pra desilusão na verdade.
Se é um novo rancor,
Ou as novas portas da liberdade.

Quando vai começar a doer,
Se vai sarar o que está ferido?
Se o amor vai renascer,
Ou somente tempo perdido.

Avanço, arrisco, aposto?
Quem sabe doses de tempo,
Saber se amo, odeio ou gosto.

É inverno talvez m'esqueça
E me largue só, ao relento,
Ou traga fogueira, um beijo, m'aqueça.
Pôr Fim

Depois de fugir, depois de cativo
É sozinho que se recomeça.
Matar a saudade é o motivo
Duma velha dor que sempre regressa.


Enxergo hoje o que tu tinha antes
Não era amor que lhe faltava.
Segredos, brinquedos, amantes
Em casa o seu amor eu esperava.

Você sabe, a culpa é minha
Deixe-me pôr um fim
Pago estas parcelas sozinha.

Sangrar essa lembrança, a memória
Um tiro, um rombo em mim
Mas por fim, pôr fim nessa história.

Garrafa de desapego

Se não há opção
Deixe-me partir
É a única solução
Deixe-me ir.

Se nem estás perto
Para quê retorno?
Siga o caminho reto
Não gire em torno.

Tire os troncos do rio
Deixe-o livremente fluir
Desocupe-me, deixe-me vazio
Sem âncora posso em fim partir.

Quanto temos pra gastar na carteira
Prejuízo é devolver o coração
Cabe uma penteadeira
Mas resta só gratidão.
Soneto da lembrança

Em busca de outras paisagens,

Já peguei aquela velha estrada.
Vou apagando suas imagens,
Até não restar mais nada.

Algumas das faces que vejo,
Pareço enxergar seus traços.
Seu cheiro de baunilha farejo,
Dentre os aleatórios abraços.

Abdicado, desintoxicando,
Com orgulho em recaída,
Me vejo de novo te procurando.

Na bipolaridade da incerteza,
Prolongando a mesma partida,
Aquela velha brasa ainda acesa.

Clique na imagem para acessar o blog do autor.
Matteus compartilha seus escritos por intermédio de uma página na internet chamada Monóloguz. Não sei se o título de seu blog surgiu como inspiração baseado na palavra monólogo, mas, se foi assim, a sacada foi genial. Como poetas - de inicio - sempre falamos e pensamos sozinhos. É natural procurar o silêncio e a solidão para conseguirmos ouvir com clareza nossos sentimentos e emoções que basicamente temos como maior ouvinte das nossas questões nós mesmos. O monólogo do escritor é como numa peça de teatro. Ele prepara seu roteiro e sobe ao palco para falar, para extravasar o que sente e trazer ao mundo os seus sentidos mais profundos. Portillo tem como palco o seu Monóloguz e como telespectadores aqueles que buscam ser tocados ou preenchidos por sua poesia.
Esse post é uma singela homenagem ao poeta Metteus Portillo. Agradeço a ele por compartilhar conosco todos esses sentimentos tão bem escritos e tão bem sentidos.

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