
A gente tende a se calar, engole
Finge que aceita a indiferença
Ou senão dá de cara com a morte
A gente tende a odiar calado, covarde
Leva chicote disfarçado de crítica
Enquanto nos obrigamos a suportar
A ideia de que o nosso gênero
Nada mais é que a vida de pobre
Pobre, suburbano, marginal
Eles enfeitam a discriminação
E ainda levam fama e moral
Imoral e infame é a cor
De quem veste o estereótipo
Sem saber que todo preto
É fruto das lágrimas, prisão
De quem lutou para quebrar
As correntes do sofrimento
Sofre e ainda vê graça
Pé na merda, desgraça
Parabeniza o sinhozinho
Pelo dia no pelourinho
Nem vê o sangue que escorre
Nem lembra dos irmãos dos corre
Corre, desesperado, ansioso
Para ganhar o alimento
Alimento que ele mesmo cultivou
Num dia lindo de sol na roça
Se toca, acorda, olha as cordas
Tira a corda do pescoço, sufoco
Você não é filho de estimação
Seu nego trouxa, cai na real
O sinhozinho realizo teu sonho
Para encher os dele de moral.
"SETEMBRO POÉTICO" - PORQUE A POESIA COLOCA O DEDO NA FERIDA! - POST 9
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