XENIA

By Tiago Ferreira - 24.10.18

Xenia França é o poder afro-feminino em forma de gente. É a verdadeira caracterização dos nossos antepassados, é cultura pura, é vida em forma ambulante de arte.

Conheci a artista pelo instagram - e foi admiração a primeira vista. Com uma obra que discorre sobre cada detalhe da cultura afro e vai de encontro com a valorização histórica das vertentes musicais e visuais das matizes africanos, Xenia levanta o poder que a arte apresenta mediante a possibilidade de comunicação entre suas diversas formas para empoderar e disseminar a mais autentica e marcante das poéticas: a incrível arte de ser plural. Um mergulho sonoro e visual por cada cantinho do mundo. Um trabalho tão bem feito que soa como um livro ilustrado e musicalizado sobre a história da nossa gente.

Senhoras e senhores, hoje falarei um pouquinho sobre o álbum XENIA, da cantora Xenia França.

Mês da musicalidade negra. Ritmos e influencias culturais.
XENIA é uma referencia bem importante para os trabalhos musicais atuais por carregar em sua essência a musicalidade produzida por instrumentação. A produção do álbum foi completamente na contramão quando optou pela instrumentalização ao invés do uso de sintetizadores em todo o trabalho. É óbvio que isso já me chamou a atenção - sou extremamente criterioso no que concerne ao uso dos sintetizadores - e me causou grande satisfação, admiração e alegria. A voz da cantora simplesmente casa com os ritmos apresentados - e acredite quando digo que foram muitos - e permite uma verdadeira viagem ao ouvinte.

O primeiro single do álbum "Pra Que Me Chamas" já entrega que a obra é de enfrentamento.



“De vez em quando
Um abre a boca
Sem ser oriundo
Para tomar pra si
O estandarte
Da beleza, a luta e o dom
Com um papo
Tão infundo“

A canção coloca o dedo na ferida e levanta o debate sobre a apropriação cultural e revela parte das perspectivas poéticas e rítmicas que a cantora apresentará ao decorrer da narrativa de seu álbum. A faixa tem uma pegada atual que também complementa o sentido de sua poética que ficou entorno das discussões raciais da atualidade. Xenia não economiza nos ritmos e nas batidas e nos faz sentir dentro da cultura Afro Pop legitima e cheia de profundidade. O álbum ainda parece ser uma espécie de tributo a aos gêneros musicais afros por simplesmente se compor mesclando todas as possibilidades.

Uma canção me pegou de surpresa e me fez viajar para a minha infância. "Respeitem Meus Cabelos, Brancos" é a canção que levanta e sustenta o empoderamento que eu via em minha avó quando ela se colocava como a autoridade máxima perante aos negócios que ela mantinha no bairro.



“Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos“

"Respeitem Meus Cabelos, Brancos" ainda parece fazer menção aos ancestrais, ao respeito que nós temos aos nossos ancestrais. Além desse mergulho pela própria cultura, Xenia ainda dá o recado para os racistas: estamos em pé, usando a nossa voz, portanto, saiam do caminho.

O mesmo poder é encontrado com a mesma intensidade em Preta Yayá.



“Música preta,
sou teu instrumento,
vim pra te servir“


XENIA é uma produção independente lançada em 2017. Você pode ouvir a íntegra desse trabalho e conhecer um pouco mais mais Xenia França seguindo-a no Instagram.


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"Mas Tiago! Você quase não falou nada!" - Isso mesmo! Quero que você escute e conheça essa artista e depois venha trocar umas deias comigo! Escute! Sinta! Tenho certeza de que você vai curtir e se identificar!

Fechô? 👌👊💪

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