FLOREOU O CAMINHO COM FLORES MORTAS

By Tiago Ferreira - 13.4.19

Fotografia de Olívia Vieira para o projeto "Abril 30/30" do Limoções.
Não tem mal no silêncio de quem preferiu seguir calado. As palavras voam com a brisa e resiste com o tempo as linhas que foram escritas na dor causada pela tentativa de viver a vida. Mesmo aquele que se sente dono da palavra sabe que nem só de conquista e vitória se vive a jornada. Não existe lágrima que cure as feridas causadas pelas surpresas que foram descobertas depois que a alegria secou, assim como não tem preço o sorriso dado no momento de horror. Floreou o caminho com flores mortas para que fosse possível conviver com a primavera da ilusão, enquanto seguia semeando sementes de palavras não ditas, não escritas e vistas em sonhos não sonhados.

Solidão fez daquele que se viu sem chão o senhor de sua história, deu vitória para quem não venceu e mostrou a realidade para quem jamais teve a chance de viver a beleza de um sonho. Sonha quem tem chance de sonhar, enquanto escreve sobre a vida que não viveu aquele que fez da escrita morada. Escritor paga o preço da paixão, vive as histórias que não viveu e desiste de trilhar os caminhos que escolheu. É de guerra em guerra que as estrofes discorrem sobre a realidade, ao mesmo tempo que mescla o riso que não deu com a falta de sinceridade.

Como um sonhador de mentira, termina uma história sem acreditar em qualquer palavra. As palavras voam com o vento e permanece com um papel em branco aquele que sonha escrever o mundo que ainda não conheceu. De papel, caneta e coração vai brincando com a escrita. Visita o passado, descreve o presente e viaja ao futuro fazendo de cada linha um novo motivo para sentir orgulho. No silencio, com a caneta em mãos, vai descrevendo cada decepção, junta cada caco do coração e foge dos amores que nem cultivou. A escrita não modela, não forma, não faz feliz e não cura a alma de quem é escrita.

Ele ficou em si, e no seu silêncio fundamentou a sua não vitória.

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