25 DE DEZEMBRO DE 2025

By Tiago Ferreira - 25.12.25

Não costumo fazer resoluções para ano novo, assim como também não costumo fazer balanços sobre o ano que passou. O que é uma verdade irrefutável é que muita coisa passou, mas outras coisas ainda estão passando. Não costumo sustentar uma perspectiva hipócrita de que determinadas datas do ano servem para vestirmos uma roupa remendada de resiliência e gratidão. Costumo ficar pensativo e reflexivo, mas não faço grandes confabulações. O tempo decorreu como deveria - e já falamos muito sobre o tempo e suas dádivas e maldições por aqui. A verdade é que muitas certezas se mantiveram intactas: a vida não é um mar de flores, sonhos podem ser abandonados, projetos podem ser encerrados e ciclos podem ser finalizados. Não, esse não é apenas um texto sobre malogros. Não é não será uma narrativa regada por desgostos. 

Se é palatável - e até mesmo saudável - a gente pode falar sobre conquistas. Podemos recuperar na lembrança os locais preenchidos por méritos, mas que foram marcados por lutas constantes. Podemos também retomar a vida e seus empecilhos, mas recuperando na memória que muitos obstáculos foram transpassados. Talvez seja importante discorrer sobre a habilidade adquirida de colocar limites onde eles precisavam estar, de ter força e coragem de romper vínculos prejudiciais, de simplesmente ter a garra de levantar da mesa e sair. Não posso esquecer - assim como você também não pode - dos momentos em que abrimos nossa boca para reafirmar nossa existência e assegurar a nossa dignidade - mesmo que isso custasse caro. Temos muito o que recuperar em nossas lembranças e não creio que isso seja uma espécie de balanço, de volta ao passado. Crescemos.

Sempre considero o espaço que o tempo me atribui curto e/ou pequeno para tudo que eu - pobre criatura expansiva - tenho a desenvolver. Mas, na mais pura verdade, não questiono mais o tempo. Em 2015, ainda adolescente, eu brigava muito com o espaço tempo acreditando que teria controle absoluto. Não, nunca tive e nunca terei. O adolescente que fui, o jovem impaciente e inquieto hoje é o adulto que prefere percorrer o espaço. O adulto que me descubro, que aprendo a ser e a aceitar, não tem mais pretensões de ir além daquilo que se pode ir, assim como não tem intenções de estar onde já esteve. Ainda aprendo muito com o legado que minha adolescência me deixou: as culpas, os arrependimentos, as vergonhas e os erros. Entretanto, sou grato pela adjetivação negativa da minha juventude, pois foi percorrendo caminhos que aprendi a ser e estar como e onde estou.

Recentemente, de maneira bem espontânea, me foi lançada uma observação: " você transcendeu a tanto". Essa observação me traz até aqui - 25 de dezembro de 2025 - e, correndo o risco de parecer pretensioso, valido e tomo isso como uma verdade. Eu transcendi e o objetivo é seguir transcendendo. Aprendi tanto sobre a finitude e suas formas e potencialidades. Hoje meu adolescente e eu temos uma certeza em comum e que nos traz completa paz: não queremos, não somos e jamais seremos infinitos.

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