"Os impostores jogavam com a minha vida e decidiam meus passos. Olhando para mim com a ternura que eu precisava sentir, me jogavam para as suas projeções."

Ainda são nítidas as imagens e as palavras. Eu estava completamente entregue ao desejo de me sentir parte do jogo. Mesmo que antes eu tivesse duvidado da veracidade dos sentimentos entregues, tive medo de romper com a fantasia. Era a minha felicidade que importava e mesmo que o preço para sorrir fosse estar mergulhado na ilusão de que todos os deuses sorriam para a minha benção, me obriguei a acreditar que minha felicidade estava atrelada ao plano alheio de me ver vivendo uma mentira. Era incrível ter a sensação de estar no meio dos deuses até perceber que os meus salvadores não passavam de demônios.
O jogo só é importante para quem sabe jogar. Não sou jogador, nunca fui. Fui a peça que todos almejavam. Meus movimentos ditavam a vitória. Os impostores jogavam com a minha vida e decidiam meus passos. Olhando para mim com a ternura que eu precisava sentir, me jogavam para as suas projeções. Meus falsos salvadores arrancaram de mim a possibilidade de ser verdadeiramente amado. Me colocaram na condição de rei coroado.
Não volto mais ao jogo que não joguei. Escapei das manobras e fui para o mais longe que pude. Nunca mais voltarei a ser coroado.
RECONSTITUIR - Álbum de Textos - PRÓXIMO TEXTO "O SHOW TERMINA AGORA"
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