A IDA FOI POR AMOR

By Tiago Ferreira - 8.2.19



Toda partida se alimenta de memória. Assim que tenho imaginado meus rompimentos de laços naqueles dias em que sou assombrado por fantasmas do passado. É fácil poder conviver com a ida porque é na distancia que o amor se prova, se faz e se perpetua. Ainda visito as palavras escritas em um passado não muito distante para conseguir me fazer perceber que a ida aconteceu por amor. A partida é derradeira para quem não tem noção do que semeia. Talvez eu devesse ter regado minhas sementes, mas em determinados momentos precisava somente matar a minha sede.

Ainda fico parado no meio do quarto vendo aquelas fotografias que foram capturadas em dias felizes e ensolarados. Não entendo como a partida não leva consigo todas as lembranças da memória. Quem ignora a dor da saudade parece não conseguir compreender o poder da retirada. E ainda é fresca em minha memória aquelas tardes de por do sol que mais pareciam sonhos trazidos para a realidade. Toda ida deixa para trás os segmentos da saudade, da lembrança e do amor. Toda ida fica doída dentro daqueles que parecem se arrepender de não terem cultivado o que era vivido antes da saudade.

Agora só peço ao tempo que prolongue um pouco mais o valor das memórias. Não parece crueldade estar a observar o peso da partida se você não se desmancha em saudade. Só quero sentir tudo se desprender em seu devido momento, assim como o rompimento motivou os passos de quem saiu rumo ao acaso. Eu então fico por aqui, sem angustia ou dor, só fico aqui parado lembrando o que aconteceu antes do primeiro passo.

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