NÃO SOMOS DESISTÊNCIA

By Tiago Ferreira - 15.2.19


A revolta ultimamente anda contida e todos aqueles que sentem medo andam calados. Temos vivido tempos sombrios demais para corrermos o risco de sermos expostos. Tem faltado coragem? Tem faltado esperança? Tem faltado vontade? O que fica nítido é a falta de oportunidade de sermos ouvidos. Passamos a ser a minoria. A minoria que sonha com a igualdade. A minoria que sonha com o respeito. A minoria que almeja um país melhor para todos.

Eles tem forçado a aceitação tirando o direito de contestação. Empurram tanta coisa goela abaixo que não temos muito o que fazer a não ser conviver com as mudanças impostas por um governo que fingi não ditar. Vivemos em tempos em que somos obrigados a engolir sapos ou simplesmente somos convidados a nos retirar. E quem não tem para onde ir, se retira como? Como se deixa para trás uma história de evolução para dar espaço ao discurso de ódio camuflado de "família feliz"? Afinal de contas, o que é família para aqueles que pregam tanto a respeito de bons costumes?

O mundo de quem tem sangue jovem perdeu as cores. O mundo de quem sonha com uma formação de qualidade, de quem sonha com a construção de um lar, de quem sonha com o enriquecimento cultural - e até mesmo o mundo daqueles que sonham em ser o que são - é obrigatoriamente desmantelado, transformado em cacos, em ruínas. O respeito teve sua definição alterada e o que vemos agora é o ódio assumir o lugar que pertencia ao amor. De quem é a culpa? Culpamos a televisão, o rádio ou o jornal? Culpamos o mal que sempre esteve adormecido em cada ser humano? São tantas as questões que permanecerão sem respostas e são outras tantas perguntas que jamais poderão ser feitas que fica difícil saber ao que se apegar.

A mãe, o pai, a avó e o avô passaram a acreditar no discurso de avanço que sai da boca daqueles que aos poucos vão descaracterizando a juventude, o valor do sangue jovem. Os pretos e os homossexuais vão sendo encurralados. Os índios e os quilombolas vão sendo despejados. Tudo isso tem acontecido em um país soberano. Numa pátria igual. A esperança se ausentou por agora e a fé age em silêncio. Sem ter como deixar o navio antes do naufrágio, a gente tenta se manter firme, tenta permanecer resistência. O jovem perdeu seu valor, a vida já não importa mais, e a gente segue brigando para não cair nas garras do horror.

Não estamos em desistência.

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