Fotografia de Olívia Vieira para o projeto "Abril 30/30" do Limoções. |
Já que decidi assumir que a vida é injusta, exaustiva e sempre é contrária aos meus desejos, pensei em relembrar as vezes nas quais fui obrigado a usar os desgostos que me foram entregues como trampolins. Nunca fui um bom jogador, um bom escritor ou sequer fui bom em viver a vida. Não sei ao certo se vivo o que sonhei ou se vivo o que tenho que viver - apesar de no fundo acreditar que faço um pouco dos dois. Ainda carrego comigo aquela sensação de vitória, aquela certeza de que me dei a chance de ressurgir dos mortos. Mesmo vivendo as injustiças da vida, tenho feito ela aceitar que estou aqui para vivê-la.
Nem mesmo quem teve a chance de me parar, ou a chance de me fazer pequeno, conseguiu tirar de mim a certeza de que eu consigo viver as dificuldades que enfrentei até aqui. As palavras pesadas que ouvi agora não passam de ecos e as facadas que me acertaram só são cicatrizes.
Não vou parar agora de me testar, de me provar e de me fazer capaz. Quero continuar indo em direção a alguma coisa, acreditando em algo e me fazendo forte, mesmo que seja para atuar, para seguir o mesmo roteiro de ontem. Só quero preencher a cena e encenar, ser ator e protagonista da vida que é minha por direito.

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