Ainda estou me acostumando com a ideia de que terei que permanecer nesse mundo até a minha velhice. A loucura que me cerca é um abismo até a dádiva da paz que desejo alcançar todas as manhãs antes de levantar da cama. Eu já me sinto cansado de sentir o cansaço que sinto e ainda tenho medo de viver o que ainda não vivi. Se ainda tenho muito o que viver, como vou conviver com a tarefa difícil de aprender a viver?
Eu já vi coisas que meus amigos não viram e ouvi palavras que nenhum dos meus ouviram. Eu tive que aprender a ser de mim para mim, mas talvez eu ainda tenha medo de ser velhice. Desisti de ser jogador, deixei de lado a ideia de ser manipulador, também abandonei o plano mirabolante de ser o cara que busca a perfeição e tenho seguido bem rente ao desespero do abismo. Meu medo é assintomático, então fiquei viciado em seguir sem desistir, sem demonstrar cansaço. Estou duvidando das boas novas, mas já não parece mais novidade eu seguir sendo refém da desconfiança. Eu compreendo a importância da vida, mesmo sabendo que ela não me considera tão importante. Eu tô aqui vivo e vivo ficarei até a minha velhice.
Eu já vi a alegria e ainda acredito na sua existência, mas talvez eu esteja sóbrio demais para perceber que nem só de tristeza é que se vive. Se eu conseguir fugir de mim, será que atraso a evolução dos medos que sinto? Se eu fingir que aceitei a minha futura condição de ancião, será que chego a envelhecer de bem com a lucidez? Eu vivo dando passos planejados, vivo querendo ser algo além das sombras que fui ontem e ainda vivo pensando em aprender a viver. Não sei se já cheguei a fazer o bem, assim como também jamais ouvi falar que o bem que cultivei está de bem com a minha existência.
Saca essa, cansei de me sentir cansado. Cansei de não querer ser feliz. Estou disposto a envelhecer, a chegar na velhice. Está tudo razoavelmente bem, o mundo terá que aprender a aceitar a existência que eu aceitei.
%2009.53.10_5be11819.jpg)
0 comentários