ESCAPEI DA MORTE

By Tiago Ferreira - 3.8.19


Depois de ter ficado sem chão, sem condições de dar um mísero passo, aprendi a caminhar pela mágoa daqueles que me encaram, fitam meu crescer e praguejam cada uma das minhas estações. Não tive nem um empurrão e ninguém segurou minhas mãos para mostrar o caminho, então fiz da distância minha passarela para a vitória, enquanto as dificuldades que venci serviram como entretenimento para os olhos que me queriam distantes da glória. Escapei das armadilhas engendradas pelos senhores da desgraça e me dei o direito de convencer a vida a permanecer ao meu lado. Ao contrário das feridas que me doíam, fiz da chance de revidar a oportunidade de ensinar, de mostrar que não se paga facada com uma bala na cabeça.

Ainda não sei o preço que foi cobrado pela minha vida, mas sei que a morte também ensina, também faz crescer, também mostra a direção para outros caminhos. Recalibrei inúmeras vezes a balança da paz e sempre estive inclinado a permanecer junto da resistência. Fui guerreiro sem treinamento, fiz textos sem novas perspectivas e fotografei as mesmas guerras. Permaneci preso na incompreensão da dor, questionando cada fracasso e pronto para deixar tocar a minha alma cada palavra que era proferida por todos aqueles que conheciam minhas feridas. Não confiei nos versos, nos sorrisos, nas mãos estendidas e fui moldando a fé sem ter qualquer certeza sobre a veracidade da esperança. Criei em cada nova linha conceitos, justificativas e rimas para que todos os anos de caminhada fossem eternizados e deixados a mostra para todos aqueles que assistem o meu show.

Escapei das pedras arremessadas, mas continuei servindo de entretenimento. Sou senhor de cada fracasso e criador de cada vitória. Estou ciente da importância de tudo que criei, assim como tenho em minhas mãos as mágoas que não cultivei. Sigo mostrando a realidade, invalidando cada história escrita pelo ódio. Tenho consciência de cada passo que dou.



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