Fotografia de Olívia Vieira para o projeto "Agosto 30/30" do Limoções 2019. |
Sou rei da minha própria caminhada e senhor da jornada que trilhei. Não é difícil olhar para trás e ver que por todo lugar que passei a coroa encontrava-se na minha cabeça. Reinei livre e pungente, construí castelos e liderei guerras importantes, semeei paz e cultivei as flores do meu jardim. Eu caí, eu cresci e fui rei. Ao lado da imagem que eles enxergam, eu sigo sendo a majestade. Eles ignoram o meu reinado e vivem longe do meu reino por não poderem fazer parte do meu desencanto. Vivo uma história não encantada que é narrada pelas vitórias que venci, pelas vezes que me levantei e por todas as lágrimas que derrubei. Meu reinado não pode ser visto por aqueles que insistem em tentar me fazer plebeu, em tentar me trancar nas masmorras e me empurrar para a guilhotina.
Assumo meu papel de majestade sentado no trono que me pertence, e olho calmamente para a revolução que se levanta constantemente para me tirar do trono. Não temo o medo, assim como não temo pela segurança do império que construí. Ouço os burburinhos, vejo o olhar de raiva e atrapalho a articulação da oposição. Aqueles que me enxergam como rei fraco e caído não conseguem perceber que não dependi de ninguém para erguer o meu reinado. Construí minha história vivendo cada nova decepção, vivendo cada nova traição, vivendo cada nova tristeza e vivendo cada nova incerteza. Felizmente meu sangue real é incontestável e a legitimidade da minha coroa não pode ser questionada.
Talvez seja mais fácil aceitar que eu caí, eu cresci e me sinto rei.

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