Você se cansou de viver, contestou sua existência, duvidou da sua essência, parou de respirar e correu em direção contrária para fugir da dor. Você teve que sentir cada mágoa, teve que engolir cada regra imposta, teve que se arrastar rumo ao amanhã, teve que lidar com a perseguição e ainda permaneceu em pé marchando para o vencer.
A morte tocou cada parte do seu corpo e o medo corrompeu a coragem que sua alma sentia. Estabeleceu estratégias para driblar o horror, fez plano para seguir firme pelo bombardeio de ódio, falou o necessário para escapar da perseguição e fez silencio para situar a vitória. Com a arma apontada para a sua cabeça, chorou enquanto pensava em desistir. Perdeu as noites de descanso assombrado pelos pesadelos, pelos rancores, pela raiva e justificou a crise depressiva usando o cansaço. Flertou com a humilhação e conviveu com a frustração.
Escancarou as palavras que tinha para dizer, mas não disse o suficiente para sentir-se livre. Fez de tudo para ser além do que teve que ser e ouviu a morte chamar seu nome diversas vezes. Foi forte na fraqueza, foi fortaleza enquanto desmoronava, lutou enquanto perdia e sentiu o amor que não recebeu. O amanhã se apresentou de forma abissal, mas a queda te deu o poder do gigante. Inverteu o inferno que vivia e conheceu o céu, conheceu o valor de cada passo que deu, viu brotar as sementes que semeou, viu florear as flores que cultivou.
Nada aqui parece ter sido sorte.
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