AUTONOMIA PARA VIVER

By Tiago Ferreira - 25.4.21


A gente aprende que é mais seguro seguir passando despercebido. Nos ensinam a viver relutantes diante das nossas próprias potencialidades. Nos dizem que devemos permanecer incumbidos das mesmas tratativas, que devemos focar na nossa própria sobrevivência, que devemos focar exclusivamente nas nossas próprias experiências, que devemos permanecer no nosso quadrado, que devemos ser blindados e que não é válida a tentativa de expansão. A gente aprende a fugir da dor, a evitar a dor, a fingir que não sente dor e a temer tudo que pode nos causar dor. A gente aprende que a felicidade é um privilégio, que a alegria é uma exceção, que o prazer é pré-determinado por aquilo que já tivemos contato e que tudo de bom acontece apenas a quem conseguiu construir um ambiente seguro para sua própria alegria.

A gente cresce sendo adubado pelo egoísmo. Somos avisados que a vida é regada por decepções, por frustrações, por prostrações, por medos, por receios e por parâmetros que sempre vão nos jogar para longe de uma possível plenitude. A amplitude do ser é perceber a singularidade do estar, do vivenciar, do experienciar, do sentir, do sorrir, do chorar e do querer. A vida não é uma fórmula determinada por aqueles que já trilharam seus próprios caminhos. Ninguém detém todas as respostas - e já falamos disso por aqui - e ninguém jamais poderá projetar suas próprias vivencias para barrar o caminhar de outrem. A vida perpassa aquilo que já passou. A história, que é escrita no nosso cotidiano, é exclusivamente nossa. Mesmo que pareça similar, cause identificação, nosso trajeto não pode se basear em tentativas constantes de ser enquadrado em caminhos que nos foram impostos como parâmetros.

A gente precisa aprender a ouvir, a ver, a sentir, a ter empatia e a admirar o percurso que não é nosso, mas também precisamos aprender a criar nossos próprios meios, a trafegar por estradas nossas, a nos ver na imensidão de todas as possibilidades que ainda podem ser nossas. Basta de permitirmos que o conhecimento alheio intervenha nas nossas próprias certezas, que projetem sobre nós aprendizados egoístas, que tentem induzir nossos passos e a corromper nossas próprias tentativas. A vida só é viva para aqueles que escolhem seus próprios caminhos, que escolhem suas tratativas, determinam suas prioridades, nutrem seus sonhos e suas certezas, que aprendem com base em potencialidades e conseguem aprender sobre sua própria expansão, sobre seu próprio crescer. É importante sempre lembrarmos que não existe uma fórmula para se viver e que nem sempre podemos permitir que os oráculos intervenham nas nossas próprias possibilidades.

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