Olhe só para mim, jovem o bastante para não temer o amanhã e velho o suficiente para estar cansado de viver. Todos os meus saberes são como cobranças do passado que me fazem sempre caminhar predestinado ao cansaço. Faço parte do passado de tantos sonhos ao mesmo tempo que pertencerei ao construir de tantos outros sonhos guardados no futuro. Ser jovem ontem e permanecer jovem para o amanhã é o suficiente para enlouquecer cada centímetro de certeza que existe aqui.
Já arrumei cada erro em seu devido lugar e coloquei os acertos na prateleira. Tenho tentado ser uma vitrine de batalhas bem sucedidas e caminhadas cheias de conquistas. Não importa se não tenho muita coisa boa para mostrar, porque talvez seja parte da juventude ter mais erros que vitórias como méritos. Mesmo que ao me olhar todos se lembrem de cada vez que tropecei tentando acertar é fácil voltar ao presente e sentir que ainda sou jovem o bastante para cair e levantar mais de uma dezena de vezes. Se minha imagem tornar-se um sinônimo de imperfeição, me lembrarei que sou fruto das imperfeições de cada estrada que trilhei.
Olhe só para mim, jovem e sem credibilidade. Mesmo que minhas certezas tentem funcionar como combustível para alimentar minh'alma, ainda não sei se posso estar de mãos dadas com o mundo. Não sei se acredito que o mundo que conheço é o palco perfeito para viver a minha juventude juntamente com cada um dos meus erros. Não quero abusar das duvidas e nem questionar demais, mas não sonhei com um final no qual acabo esgotando as possibilidades de estar presente com minhas imperfeições na mesma realidade que me conduziu para longe do perfeito. O que tenho como casa hoje é o mesmo lugar que envolve cada acerto e erro meu. Não posso me curvar diante do medo de ser tirado da condição de jovem por ainda ter sobre o que aprender e, mesmo que ainda não tenha tantas certezas, espero morrer garoto o bastante para não deixar de crer que é possível estar velhamente novo até o final.
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