TEXTO EM VÍDEO - DESFAZER

By Tiago Ferreira - 24.8.18

#RESPEITEMEUSCABELOSCRESPOS


Olhando para trás consegui me ver sem os filtros que o medo e o rancor estabelecem. As características que vejo daqui são as mesmas que fui deixando ao decorrer do caminho. O eu que está no meu passado não carrega o peso das responsabilidades e conseqüências das minhas escolhas. Ele é eu e eu sou ele, mas não consigo me encontrar por inteiro na sombra de mim que me admira lá do passado. Ele me olha como quem não se sente satisfeito com os resultados e parece repudiar a minha segurança. Todos os traços dele lembram os meus medos e receios, lembram coisas que já fiz questão de esquecer, aspectos que já tentei apagar e trejeitos que fiz questão de arrancar de mim.

Por que ele parece cansado? Por que parece sozinho e desapreciado? O que eu faço ali sentadinho como se parecesse ter desistido do caminho? Ele está a sós – como estou agora -, mas parece infeliz com suas escolhas. As flores de seu jardim não parecem reais e as cores da sua natureza parecem tão frias quanto a sua desimportancia.

Ele ainda não viveu as consequências das suas escolhas e nem mesmo soube que ainda sentiria muitas dores. Me vendo ali - sentadinho - até chego a creditar que está tudo, tudo como deveria estar, e o cansaço em meu semblante parece um fruto da correria do cotidiano. Me vendo ali - com tanta serenidade - nem parece que meus pés estavam amarrados ao peso das lágrimas que ainda rolariam. Me ver ali é como sentir que eu involuntariamente me preparava para desmoronar. O que eu vejo no ontem é o que verei para sempre no ontem. Não volto até lá porque ele não precisa de mim para alertá-lo sobre os perigos de seus passos. Não posso deixar de ver, de ouvir, de sentir, de dizer ou desfazer todo o enredo de ontem. Então, eu caminho como se ele não passasse de uma ilusão. Ele perdeu a chance de crescer quando optou por permanecer sentadinho no meio do caminho.


o amanhã chegou
e quem não foi
ficou no passado
parado, estagnado
remoendo o que passou

quem escolheu parar
não conhece o caminhar
não lidou com as consequências
não enriqueceu sua essencia

quem chegou no amanhã
passou pelo ontem
e ainda ouvia as vozes
que vinham do anteontem

o ontem nasceu
aconteceu e permaneceu
no ontem
ficou lá parado
no passado, estagnado

o futuro foi ontem
o futuro foi hoje
passou o passado
e passou o ontem
o hoje acontece

na vida de quem teceu
o caminho sem parar
encontrou folego e ritmo
e fez o passado parar
no ontem.



Hey,

Foi difícil conseguir conviver com as consequências das minhas decisões, mas encontrei no caminhar as dezenas de respostas que sempre precisei para conseguir seguir o caminho. Medo é o sentimento mais encorajador que já pude sentir e não me curvei aos fantasmas da minha trajetória. Caminhar é errar e conseguir continuar. Conviver com meus erros, com as partidas, com os rompimentos e com os tropeços é uma tarefa difícil, mas hoje consigo olhar ao meu passado e dizer que tudo ocorreu como deveria ter ocorrido. O meu reflexo nada mais é do que o crescimento que pude desenvolver enquanto sofria ou me frustrava tentando viver a vida.

Como você convive com o seu passado? Me conta nos comentários e vem construir comigo um Limoções cada vez mais plural. ❤✌🙋

Esse trabalho foi uma ideia minha, mas a sua realização contou com todo o apoio e direção da Olívia Vieira. A Olívia já trabalhou com o Limoções em outros projetos, então você pode clicar aqui para saber quais e/ou clicar aqui para ir até o instagram dela e conhecer seus trabalhos.

  • Compartilhe:

VEJA TAMBÉM ESSES DAQUI

0 comentários