LUCIDAMENTE LOUCO

By Tiago Ferreira - 6.8.18

"No meu caos eu dito as regras e - de mãos dadas com a insensatez - escrevo minha vitória aqui do chão."


Sabe quando você não está procurando mais algo que precisava e acaba encontrando? Então, parece que acabo de encontrar um pouco de lucidez. Agora que eu deveria estar mergulhado em loucura me sinto mais lucido do que a última vez que falei sobre lucidez. Não procurei por loucura, mas era bem fácil ver em meu rosto traços de insanidade.

Ouvi dizer que todos já sabem que não sou o mesmo que teve que fugir da realidade, da dor, da insegurança e do medo. Mesmo que as coisas ainda pareçam meio doídas por aqui, tenho considerado falar menos e escrever mais sobre o sentir. Estar em meio ao caos sempre foi o mais próximo da luz que pude estar. Estou preparado para aceitar que o meu viver é estar inserido numa loucura, num caos e numa verdadeira guerra. O mais incrível disso tudo é que não existem mais recursos capazes de me fazer ceder, de baixar a guarda para a fantasia de ser normal.

Caí na real. Estou no chão. Voltei ao inicio. Assumi que não sei o que é tudo isso que me ocorre quando tento ser lucido. Estar no chão é o ponto inicial do meu viver, tanto que é exatamente daqui que consigo considerar a possibilidade de ter que morrer para poder voltar a viver. No chão ninguém pode me ver, ninguém pode me ouvir, ninguém pode me tocar e esse desrespeito me faz sentir que nasci para pecar. Como pecador é que vejo melhor o que me cerca. Só caí aqui porque pequei contra a loucura. Não me importo mais com a possibilidade de estar em pé, de queixo erguido e peito cheio de orgulho. Meus conceitos de "vida normal" sempre estiveram ligados ao fato de eu conseguir morrer subitamente. Posso morrer por vários fatores, mas não espero ser envenenado para poder ver que a minha vida está na morte.

E se fosse possível mostrar a minha loucura, provaria que nunca precisei de uma dose para me sentir vivo. E se todos me vissem lucidamente louco perceberiam que não preciso de muito para pecar. Nada é como os boatos espalham porque uma história possui dois lados e dezenas de interpretações, então que minha queda e minha morte sejam subjetivamente interpretadas. Fui eu quem começou uma guerra, então que seja possível vencer dentro do meu próprio território. No meu caos eu dito as regras e - de mãos dadas com a insensatez - escrevo minha vitória aqui do chão.

Deus, não me impeça de ir ao chão.





  • Compartilhe:

VEJA TAMBÉM ESSES DAQUI

0 comentários