
Posso ser feito completamente de vidro. Feito um enfeite antigo e empoeirado, posso estar em exposição numa estante vintage de uma casa qualquer. Qual seria o meu sentido de viver se agora me sinto como um objeto inutilizado? Eu sei que posso quebrar a qualquer momento ou ser coberto pela poeira, mas já não fui esquecido completamente? Não sei qual o sentido da queda, mas sei que tenho todos os sentidos desorientados e até a coesão das minhas palavras desapareceu. Todos os meus discursos caíram na armadilha do destino e tiveram sua razão anulada. Não sou nada sem o que me falta, mas não quero descobrir o que me faz querer ser algo além do que me sinto hoje.
A possibilidade de não fazer sentido seduz quem não sabe como preencher o coração com as possibilidades da vida e a doçura da perda contagia o paladar de quem realmente procura algo que não conhece. Me sinto como um personagem de uma história infantil que não tem coragem o suficiente para enfrentar o leão. Sinto que sou parte da imaginação de uma criança que não pensou em uma história completa para a sua personagem. Meu cérebro nunca esteve tão desnorteado, então só decidi ser a personagem da história que a criança inventou.
E mesmo que tudo não tenha sentido agora, só quero ter a certeza de que não quero encontrar o que me falta. Não sou nada sem as duvidas. Não sou nada além da parcialidade. Não quero fazer sentido agora.
Artur Cacossi
AGOSTO 30/30 - CLIQUE AQUI PARA VER A AGENDA - POST 12/30
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