SEM VERGONHA

By Tiago Ferreira - 25.8.18

"Só deixo um aviso aos meus inimigos: teria sido melhor se eu tivesse morrido."


Eu sei que foi fácil imaginar que eu estava acabado. Quando deixei tudo para trás e parti em busca de algo real, levantou-se um certo mistério sobre o estado em que eu me encontrava. Ninguém imaginou que posso eu estar vivo e resplandecente. O cair sempre foi vinculado ao desistir, mas, pelo menos no meu caso, continuei lutando mesmo estando caído.

Julgar minha queda é rotina e - acredite em mim - não existe qualquer motivo para me envergonhar de ter saído da cena me rastejando. Eu vivo uma vida sem vergonha. Sem receio de me machucar sigo a estrada sem grandes arrependimentos. A minha vida é tão desavergonhada. Eu tenho a cara de pau de ser esfaqueado trinta vezes e permanecer completamente intocável. Eu não dou a minima para a condenação que emana dos olhares de quem se esconde atrás da projeção de honesto e bom. Terminei de construir meu lado descarado para conseguir ter a audácia de continuar vivendo enquanto me arrasto pelo chão. 

E mesmo que não seja nenhuma novidade eu estar caído, me pergunto a razão de ainda não terem me enterrado vivo. Não sou um peso morto para quem ainda não deixou de fingir que se importa? Será que meus amigos moralistas se arrependem de não terem terminado comigo quando tiveram a chance? Eu estou entre o céu e a terra e posso ver o homem tentando ser tudo aquilo que não é. Estou entre o real e o irreal e consigo enxergar a bondade ser deixada de lado para fazer o sentimento de inveja viver. Eu não tenho muito o que oferecer, mas posso mostrar o motivo de minha morte me fazer reviver.

Tenho um furacão dentro de mim e vivo como se não houvesse amanhã. Meus inimigos são públicos e meus fracassos são a verdadeira imagem de mim. Não existe motivos para me esconder dos olhares porque nunca dei a minima para os dedos na minha cara. Só deixo um aviso aos meus inimigos: teria sido melhor se eu tivesse morrido.





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