CADA COISA É VÁLIDA

By Tiago Ferreira - 21.8.19

Fotografia de Olívia Vieira para o projeto "Agosto 30/30" do Limoções 2019.
Bom, não encontrei ainda as justificativas que norteiam o odiar, mas não sigo buscando respostas. Ainda estou construindo a desimportância, assim como ainda estou aprendendo com a solidão que escolhi me apegar. Sou aprendiz dos passos que dei ontem e sigo aprendendo com as decisões que priorizei anteontem. Está tudo certo com os passos que dei e sei que não caminharia por caminhos que não fossem me fazer o que sou hoje. Talvez seja parte fundamental das pessoas priorizar a raiva pela grandeza do meu hoje ter sido fundamentada na pequenitude do meu ontem. Não faço questão de ser odiado, de ser malquisto, malvisto e ter todas as minhas preposições condenadas. Faz parte da caminhada ser cheia de dualidades, de contrastes e incompreensão.

Não vejo além do que preparei meus olhos para verem, não escuto mais do que preciso escutar e nem sequer falo além das palavras que precisam ser ditas. Não escolho o silêncio, não escolho a surdez e não escolho a cegueira. Prefiro seguir dissimulando, me fingindo de desentendido e despreparado. O caminho tem me ensinado a preparar cada uma das minhas escolhas para as minhas próprias considerações. Tenho conseguido ser o maior crítico dos passos que dou, e não desmereço as investidas de todos aqueles que ainda sentem a necessidade de dar pitacos. Caminhando por palavras disfarçadas de bondade, sigo me fazendo participativo diante delas. Talvez toda palavra seja bem vinda, seja digna de atenção, deva ser absorvida e interpretada. Talvez a mágoa, o rancor, a raiva e a maldade também sejam sentimentos importantes para a jornada. Assim como o que é bom floreia o caminho, o que é ruim prepara o solo que piso, ensina e fortalece a necessidade de semear o que precisa ser semeado.

Bom, não encontrei ainda as justificativas que norteiam o odiar, mas não sigo buscando respostas. Nenhum autor me explicou, nenhuma poesia justificou, nenhuma canção me tocou e nem sequer as palavras que escrevi foram capazes de me apresentar uma razão óbvia para a existência dos sentimentos contrários. A opção que me pareceu viável foi acreditar que cada coisa apresentada ao decorrer do caminhar é válida.

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