Há um ano atrás eu escrevia uma história baseada na dor. Há um ano atrás eu compunha poesias que me faziam derrubar sangue. Ainda não sei se a perseverança me criou ou a dor me inspirou. Há um ano atrás eu ainda me fazia sentir culpa, sentir medo, pedir desculpa. Há um ano atrás eu ainda duvidava do significado da minha existência, me fazia ter medo de sentir, de viver e de sorrir. Ainda não sei se escrevi a dor ou a superação, se fiz inteiro meu coração, ou se simplesmente me enchi de raiva.
Ainda anseio que um ano atrás fique lá trás, mesmo ainda escrevendo sobre o que me tira a paz. Eu fui perseguido pelas palavras que criei e fui preenchido pelo medo que portei enquanto seguia firme perpetuando cada palavra. Não sei ao certo se ainda consigo seguir compondo, mas sei que talvez eu ainda tenha muito o que falar. Fiz da tragédia a inspiração para organizar o caos, para colocar o pânico no passado, para deixar de lado o horror que senti e as palavras que ouvi. Estou em pé para conseguir seguir, para tentar sorrir, para não deixar de existir. Mesmo que o sentimento de um atrás não me deixe em paz, estou flertando com as palavras que ainda não escrevi.
Estou armado, firmado no anseio de deixar para trás, de abandonar o que passou, com a esperança de que ainda sou o mesmo que permaneceu inteiro no bombardeio recebido por todos aqueles que queriam me considerar covarde. Ainda tenho o que dizer, tenho o que sentir, o que escrever. A vida que vivi um ano atrás só me fez selvagem.
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