SUBMERSO

By Tiago Ferreira - 1.8.18

Fotografia capturada por Olívia Vieira em 2014. Publicada originalmente na fase "um anacrônico". Clique aqui e conheça as fases da escrita de Tiago Ferreira.
Se eu conseguisse não ser eu mesmo e tudo fosse diferente talvez seria melhor. Mas se eu me encontrasse na rua diria tantas verdades porque no momento mal consigo ter forças para respirar. Quando penso em desistir partes de mim morrem e sinto como se estivesse diluindo. Toda a minha capacidade de continuar tentando se foi e desde então vivo como se estivesse submerso no mar das dúvidas. Continuo o mesmo só que agora estou quebrado e cansado. A maioria das pessoas não enxergam que apenas uma palavra pode matar. As pessoas não percebem que o coração partido tem um poder negativo. E eu continuo aqui submerso e não voltarei tão cedo. Será que alguém já sentiu isso antes? Eu pelo menos nunca me senti assim, até agora. As pessoas velejam pelo mar das dúvidas, mas uma hora sempre naufragam. E eu continuo aqui submerso e cada vez mais fundo. Procurar as respostas parece uma tarefa tão difícil no momento. Não posso mais me mexer, não consigo mais me mexer e não quero mais me mexer.

Com certeza estou morrendo, mas não quero assumir isso. O mar da dúvida é escuro, frio e consegue destruir toda a esperança. Se eu me importo? No momento não. Talvez me entregar seja o melhor a se fazer. Deixo o mar das dúvidas levar de mim o que ele quiser. Para algo novo nascer, algo velho tem que morrer. E eu continuo aqui submerso e cada vez mais morto. Demorei a perceber que em alguns momentos não temos escolhas e em outros a escolha é o sacrifício. Ficarei aqui e não sairei antes do meu último fôlego ou antes da última batida do meu coração. Quieto, recuado, sozinho, fraco, covarde, medroso, frio, volúvel e demais "adjetivos" que tenho ouvido por aí não me afetam mais. E eu continuo aqui submerso e cada vez menos eu.

"um anacrônico" - 6/1/15

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