A escrita é pra quem sabe falar, pra quem se faz mudo, pra quem precisa gritar. As palavras não escolhem seu autor, assim como a poesia não sobrevive apenas de rimas. Escreve quem gosta de escrever, compõem linhas quem ainda não encontrou sua voz e faz ecoar em alto tom aquele que soube se fazer reencontrar no meio do drama. É de tristeza que a inspiração se alimenta, assim como cada desabafo sustenta todo ser que não conseguiu abrir a boca para dizer o que transbordava o coração.
Cada composição possui uma importância única, pois cada palavra escrita diz sobre as batidas do coração que não deixou de bater, não deixou de falar. A gente narra cada capítulo, descreve cada detalhe, eterniza sentimentos, caracteriza emoções e conclui cada enredo sem deixar de sonhar. Entre as palavras que não soubemos dizer vamos encontrando espaço para não se perder, para não morrer afogado nas dores do descaso. Estamos no presente escrevendo sobre o futuro, escrevendo sobre a escuridão, dando valor para cada ação necessária, retratando aquilo que meia dúzia de ignorantes se recusam a ver. As palavras gravam a vitória de quem ainda vai subir ao pódio, dão razão para aquele que escolheu deixar de caminhar.
A importância está escrita e sua atribuição de autoria pertence a cada escritor que não se permitiu calar. Cada composição conta a história das vidas que não estão na televisão, que não estão nos livros, que não estão publicadas na rede social, que não são descritas na história. Vemos daqui a vitória de quem não permitiu que sua origem fosse discriminada, fosse desdenhada, fosse aniquilada. Lemos as palavras de todos aqueles que escolheram a escuridão como única opção. Lemos as palavras daqueles que não desistiram de tentar - mesmo depois de desistir de respirar.
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