Sei o bastante para vingar meu próprio caminho e fazer perpetuar meu próprio legado, mas ainda não consegui descobrir como compactuar com aquilo que não acredito. Mesmo sabendo o bastante para ser o único capacitado a viver a minha vida, ainda não sei como me fazer de cego, de surdo e de mudo diante das tentativas que assolam a minha humanidade. Mesmo buscando me salvar, tentando terminar o dia inteiro e tentando não ser pisoteado pela arrogância alheia, eu ainda não encontrei razões para permanecer quietinho e calado. Sei o bastante sobre as tratativas do mal. Sei o bastante sobre as minhas posições a respeito do bem. Sei o suficiente sobre a necessidade de estar posicionado.
Não quero sucumbir diante da impunidade, não quero estar em silêncio quando eu poderia usar o que sei. Não tenho grandes considerações sobre tudo que tenho vivido ultimamente, mas tenho considerações confiáveis sobre a fonte do meu cansaço. As nuances da vida atravessam extremos importantes da minha saúde psicológica e aplicam ao meu corpo cargas preocupantes de estresse. Talvez faça parte do processo estar cansado, estar sobrecarregado e querer desistir. O peso do mundo sempre esteve aos meus ombros, mas eu não tenho total certeza sobre a minha própria força. Aguentar, não revidar, precisar estar em pé e ter que planejar cada passo. Estou no fronte da minha própria batalha, mas ainda não sei se estou capacitado a absorver a filosofia do agradecer.
Sei por onde caminhar, sei quando aplicar meu direito de resposta e sei que preciso me manter inteiro, mesmo que partes de mim morram no processo. Não pactuo com o mal, mas ainda não vivi a força incondicional do bem. Eu sei o que está em mim, o que emana da minha existência e o que preciso guardar ao final de cada dia. Ando tendo taquicardia, mas me disseram que essa é uma das consequências de quem escolheu não desistir ao findar do dia.