Alguns trabalhos que já apresentei aqui no Limoções fizeram ou fazem parte da minha trajetória como pessoa comum. Alguns trabalhos ficam na linha do tempo do meu viver, lembranças de melodias e letras que me refazem tomar sentido dentro da minha própria história. Afunilando um pouco meu contato com outras obras, vejo como imperativo sinalizar aqui a importância da música. Quem me conhece - e lê o que escrevo - sabe que sou o fã #1 de álbuns musicais que possuem conceito, causa, inferências e referências e delineiam histórias ou outras causas.
Quando cheguei ao rap como ouvinte, depois de tomar liberdade etária para confrontar meus pais - que possuem estigmas sobre o gênero -, me deparei com rimas e versos que gritavam a periferia, que exigiam olhar para a periferia ou que simplesmente duelassem sobre quem tem o cordão de ouro maior. Todos esses artistas e trabalhos são importantes e atemporais, e isso é inquestionável. Como toda produção preta (ou uma produção branca com cara preta), a cena musical do rap preenchia os subúrbios das ruas de cidades grandes como São Paulo. A divisão geográfica da capital São Paulo em Centro, Zona Leste, Zona Sul, Zona Norte e Zona Oeste atribui ritmos e visões diferentes, mantendo a pluralidade de um gênero musical marginalizado. E foi assim que me encontrei na cultura Hip-Hop, entendendo inclusive a cultura do mestre de cerimônias (MC). Meus ouvidos ouviam desabafos, gritos, movimentos de insatisfação popular e também ouviam histórias daqueles que movimentam o Brasil - os trabalhadores. Esse processo da música, por meio de um gênero musical naturalmente politizado, me ajudou a compreender meu lugar, minha história e me incentivou a encontrar as minhas referências.
Tomo a tarefa de falar sobre música, um álbum, mas retomo a regra: não analiso o trabalho por completo. Bora ao que interessa!
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