SINOPSE: Quando a mudança começa de dentro, o de fora também jamais será o mesmo. INADEQUADA era a palavra que mais me descrevia. Desde muito cedo eu lutei contra a ideia do não pertencimento, de que eu não era suficiente, ou que eu tivesse vindo com defeito. Usei várias “armas” para tentar lidar com esse sentimento. Muitas vezes corri para o distúrbio alimentar ou para as máscaras de camuflagem. Ninguém podia perceber que eu não era o que pensavam. Eu era a Thays, e por algum motivo eu achava isso um verdadeiro insulto. Nesta longa (e acredito que quase eterna jornada, descobri na vulnerabilidade as ferramentas que me libertaram do medo da autenticidade e que me fizeram abraçar não só a mim, mas os inúmeros inadequados que existiam ao meu redor. Eu convido você a embarcar nessa viagem. Do outro lado do muro da insegurança existe um lugar novo para você: ser quem é! Este livro é pra você que já sentiu que não pertencia a lugar algum. Pra você que por muitos dias e muitas noites rejeitou a própria essência por achar que não era suficiente. Pra você que foi calado pela comparação. Que foi rejeitado. Que já usou máscaras para camuflar sua identidade. Pra você que foi perfeitamente criado – da forma mais inadequada possível!
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| Perfeitamente Inadequado. Lessa, Thays. Planeta, 2021. |
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| Perfeitamente Inadequado, pág. 113. |
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| Perfeitamente Inadequado, "aba da capa". |
O gênero poesia é o meu favorito na literatura, mas também sou apaixonado pelo gênero cartas. Ao ver Perfeitamente Inadequado pensei que estava adquirindo uma obra com um pouco de poesia, carta e autoajuda. Eu sempre critiquei a autoajuda e nunca me aproximei desse estilo de trabalho. Lessa não apresenta traços de autoajuda em sua obra, mas faz questão de entregar o óbvio. Como escritores, contadores de histórias ou narradores de vivências, a gente tenta utilizar inúmeros recursos para transmitir o que se quer, para prender, comunicar ou simplesmente acolher. Eu preciso chamar a atenção para a diagramação do livro e o pacote gráfico escolhido. A composição da obra nos remete ao aspecto de "escrito à mão" para alguém querido. É pessoal. A maneira como destacaram o que a autora pontuou como importante e os desenhos simples de objetos pessoais, faz a história - narrada em primeira pessoa - se aproximar do interlocutor.
Como alguém em tratamento de uma depressão grave, tenho dificuldades de definir o que sinto ou de simplesmente sentir. Estou me usando como referencia, mas a obra não está direcionada aos psicologicamente doentes, apenas. É um trabalho que faz com que exista uma imersão na narrativa, onde se torna possível ocupar o lugar do narrador e entoar os discursos de imperfeição e até mesmo fragilidades de uma pessoa comum. Thays nos faz recordar, meio de seus lembretes, de valores relacionados ao amor próprio, por exemplo. Também nos instiga a refletir sobre o cotidiano ou sobre trechos da nossa própria história. Ter a audácia de compartilhar a maneira como se aprende ou como se apreendeu lições importantes de uma vida que pode estar mergulhada em estigmas, rótulos e até mesmo medos.
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| Perfeitamente Inadequado, pág. 121. |
Perfeitamente Inadequado é sobre poder. É sobre o "eu posso", "eu fui", "eu voltei", "eu caí", "eu aprendi" e "eu vou compartilhar". Parece muito autoajuda quando a gente encontra um livro da literatura contemporânea que nos faz encarar a simplicidade das coisas, ao mesmo tempo em que se aprende e se é lembrado de valores. Tem poesia, tem personalidade. Eu diria até que poderia ser um álbum de recordações que sintetiza lembranças e aprendizados. Alguns de nós não se sente confortável em precisar ser lembrado de algumas coisas. Alguns de nós se coloca em mais alto patamar no quesito aprendizado e regulação do sentir, mas esconde o temor pelo simples.
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