Agora estou desarmado e não tem nada que separe a minha essência da minha existência.
Se fosse tão fácil me construir, eu não teria me ferido em inúmeras batalhas e tampouco teria perdido tanto sangue ao decorrer do caminho. Eu simplesmente não me arrastei pelo deserto a procura de um oásis. Tive que me enfiar em guerras reais e em tribulações bem duradouras. Aprendi a usar poucos recursos para conseguir sobreviver. Tive que aprender a atacar e a me defender. Se tivesse sido fácil eu não teria morrido e matado e muito menos teria sido marcado por cicatrizes tão profundas.
Se fosse fácil permanecer eu mesmo, eu não teria sido ferido e rejeitado e tampouco teria me sentido deixado de lado. Eu simplesmente não fui eu desde que nasci. Me construí aos poucos e me moldei lentamente. Tive que aprender a me aceitar e a me amar. Se fosse fácil ser quem sou, eu não teria que lidar com o pouco amor, a falta de segurança e a necessidade constante de ser aceito.
Se fosse fácil continuar em pé, eu não estaria aqui caído de joelhos, sem qualquer sombra de esperança e sem crença no amanhã. Eu simplesmente me esqueci de tudo que aprendi até aqui e não sei o que fazer para me levantar. Minha essência continua firme, mas a minha realidade se desgraçou em pedaços. Minha guerra atual é contra a minha atual realidade, é contra tudo que me cerca. Esqueci como se luta, como se mata, como se esconde e como se ataca. Estou completamente desarmado e vulnerável para me levantar, para ir guerrear.
De joelhos, olho aos céus e espero que me matem mais uma vez.
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