O que temos agora é aquilo que podemos ter. Ainda temos aquilo que escolhemos - pelo menos alguns de nós. E escolher vai se tornando um privilégio que muda de valores. Antes escolhíamos o mais caro, agora escolhemos o mais fácil de preparar. E mesmo que na rotina siga com o objetivo de fazer o mais fácil, o mais prático, sempre tem aquela receita de pão aleatória que ouviu alguém falar sobre. Já não interessa mais o que se atribui como conteúdo na rede social, pois os livros querem ser terminados, querem ser abertos, tocados, marcados.
O tempo fez e o faz. A gente segue não sucumbindo, mas vai desenhando aquilo que nos encaixe, como os gatos se encaixam. É para estarmos segures, em paz, em harmonia. E se a desarmonia foi local de estadia e a loucura acompanhar o envelhecer, seremos velhos arranjos desarmônicos. Tudo vai procurando lugar para estar, locais para preencher. Tudo que conhecemos segue o curso - e isso independe do nosso ritmo. Temos que ponderar a respeito de nós. Temos muito o que colocar em exposição, várias fotografias esperando legendas e outras várias despedidas precisando de um adeus. Nem tudo é sagrado. Nem tudo é importante ou relevante o suficiente para nos fazer esquecer que envelhecemos e apreendemos com o decorrer.
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