Carta verídica escrita no inicio de junho de 2018. Ela não recebeu. Ela não leu.
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Ilustração originalmente feita para acompanhar o post "Carta Para Ela". Clique aqui para ver. |
A gente cresce caindo e levantando. Na vida não existe outro caminho até o crescer se não for passando por situações em que nossas certezas são colocadas em prova. Eu sei que a vida é uma eterna escola e existe muito a ser assimilado, aprendido e apreendido. Desde que você chegou na minha vida tenho aprendido muito sobre o gostar e o desgostar. Vivo basicamente numa montanha russa de sentimentos e, quando o assunto somos nós, confesso que quase sempre não consigo sustentar nenhuma certeza. Eu só aprendi há um tempo o que é gostar porque você – durante muito tempo – me ensinou o que é isso. O amor e eu nunca nos demos bem e – não to falando nenhuma novidade – sempre fugi dele. Nunca gostei de me imaginar amando alguém como vejo as pessoas amando. Talvez eu nunca tenha aceitado o amor por simplesmente não ver ele como as outras pessoas – inclusive você – veem. Sou diferente em tantos aspectos, sou tão anormal mediante a tanta coisa simples, sou tão fora da moda e fora dos clichês que sempre acreditei estar indo na contramão de todos os sentimentos relacionados ao amor. Só que recentemente eu engoli a história do amar. Sei que parece meio ruim quando falo que “engoli o amor”, mas para mim isso foi uma conquista. Depois de ter gostado e desgostado, terminado e reatado, me afastado e me reaproximado de você, consegui entender e compreender o gostar e o amor. Eu literalmente engoli essa história que é vendida sobre o amor. Passei a acreditar em meias dúzias de clichês relacionados a esse assunto. Não digo que me tornei qualquer espécie de romântico galanteador, mas absorvi algumas características desses poetinhas de instagram.
O amor que engoli ainda continua sendo diferente do amor que acredito e, talvez você não compreenda, passei a viver em constante briga com o que acredito e com o que passei a acreditar. O amar que tomei como certo desde que você sentou naquela mesa, naquela tarde, naquela praça é o que eu aprendi com os meus pais. Ali eu tive a certeza de que havia encontrado a pessoa da minha vida, a pessoa que me percebeu, a pessoa que me valorizou, a pessoa que teve olhos para mim, a pessoa que estava se declarando para mim. Obviamente que eu não enxerguei e não valorizei tudo aquilo logo de cara. Sempre estive metido em problemas, fazendo projetos, focado em causas não minhas que só fui perceber e valorizar nossa relação bem mais tarde. Dentro da loucura que sempre foi a minha vida você encontrou um espaço e se acomodou. Você tinha certeza de que estava bem acomodada e, mesmo eu não valorizando e não percebendo sua presença em determinados momentos, sempre tentei te olhar como o que você realmente era: o meu ponto de segurança. Dentro da bagunça do meu viver, você se cansou de ficar em segundo plano, se cansou de ser lembrada quando eu não tinha o que fazer, se cansou de ser a última a participar e a saber dos meus planos e sonhos. Fui apresentado aos seus anseios da maneira mais hostil do universo. Cobranças e cobranças e mais cobranças. Recebi de você tudo o que o mundo me entregava quando se decidiu levantar daquele lugarzinho no cantinho da bagunça da minha vida para tentar ocupar um espaço maior. Você esqueceu que eu ainda era o mesmo jovem problemático no meio dos problemas e partiu para o ataque dezenas de vezes. Eu já devo ter te dito isso, mas vou repetir: eu teria feito o mesmo se estivesse no seu lugar.