AS DESCOBERTAS DA FASE ADULTA

By Tiago Ferreira - 14.11.23

Você vai se acostumar a percorrer caminhos driblando obstáculos. Vai entender que cair aqui e ali é normal. Aprendemos a andar quando crianças, mas passamos uma vida inteira entendendo o caminho. A gente cresce imaginando um roteiro para o que vem depois da infância, mas não adianta gastar tanto tempo planejando - descobrimos isso depois de adultos -, pois num dia vai ter sol e no outro tempestade. As intemperes do tempo dão sentindo para a intensidade que é a vida. Descobrimos o mundo e suas facetas, assim como aprendemos que para alguns ele não vai facilitar o desenvolver, o crescer, o conquistar e até mesmo o sonhar. Sonhar ainda é um ato de resistência, mas permanecer em pé é um ato de rebeldia. 

Iremos desejar que o hoje termine de maneira imediata para que o amanhã chegue, mas iremos querer que o amanhã se abrevie para que o depois de amanhã chegue - e assim iremos vivendo um dia de cada vez: querendo evitar um dia de cada vez. Mesmo que o planeta siga em rotação, a gente faz pequenas pausas na caminhada. Seja para descansar, para cuidar daquilo que adoeceu, para redefinir a rota ou simplesmente para desistir. Opressão diária que nos cerca, fortaleça nossas lutas e seja combustível para nosso caminhar. Transformar aquilo que se apresenta como horror é um dom de criança que a gente tenta recuperar depois que cresce. Sabemos que os dons das crianças estão com a gente o tempo todo, mas é tão difícil querer dançar na chuva quando se enxerga apenas uma tempestade. Tudo é gigante, constante e intenso que começamos a considerar que a vida percorre em pequenas doses de veneno.

Não, não tem como fugir. Dá para evitar, fingir, atuar e até mesmo ignorar, mas tudo se movimenta para longe e para perto como uma constante. O que é um desafio a ser superado é a construção de um local seguro. Começando de dentro para fora, desde a mente ao coração, blindando a alma e estabelecendo perímetros seguros para caminhar. A vida não vai ser como imaginávamos na infância, mas podemos nutrir alguma crença. A minha crença é que em algum lugar existe um oásis.


Todo dia é dia
De provar o veneno
Todo dia é dia
De sorrir por menos
É difícil querer a vida
Ela é doce e azeda
Num dia nublado
A gente descobre
Cada motivo para rir
Num dia ensolarado
É possível sentir
E viver cada tristeza
A vida é tão intensa
Que é complicado acompanhar
Como se não bastasse
O mundo não facilita em nada
Tudo sempre se apresenta
Na adversidade
Todo dia é dia de crise
Tudo sempre cresce
No oponente
E todos sempre veem o belo
Depois das condolências


Não foi fácil de aprender
Que o crescer tá na guerra
E o amanhã tá no sangue
Como se fosse de repente
A gente entende
Que cada dor, cada treta
Nos leva para longe
Da opressão
Dói ontem
Dói hoje
Dói amanhã
As dores só vem
Raramente vão
Aqui é tudo pior
Onde a intensidade
Fez morada
A gente se arrasta
Ao saber
Enquanto o mundo hostil
Se junta com a vida para testar
Temos tentado vencer
Testando todas as opções
Vencendo tempestades

Não tem como fugir da dor
Mesmo que a vida iluda
A gente prefere crer
Que existe um oásis. (OÁSIS - LIMOÇÕES | 16/10/2017)

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