VONTADE DE VIVER

By Tiago Ferreira - 14.4.18

Jade Tresca


A vontade de viver não nasce com a gente. É aquilo que nos move, mas aquilo que podemos passar a vida sem sentir também. Vamos existindo em meio à responsabilidades que a vida trás, contando os segundos para a semana acabar. Ao final, vivendo apenas de sábado e domingo. O estresse do dia a dia, que nos consome o físico e o psicológico, nos faz sentir, por um segundo, uma vontade imensa de desaparecer.

Então um dia ouvi: “Se eu pudesse, venderia coco na praia. Ganharia menos, mas seria mais feliz e teria mais tempo para a minha família”. Sentir a angústia de estar preso a um “mal necessário” e de sobreviver ao invés de viver foi cruel. Ouvi também: “Se eu pudesse voltar no tempo, eu faria tudo diferente e seria bem mais feliz. Tenho sorte de ainda estar aqui”. Pessoas falando que farão tais coisas quando estiverem ricas, que vão retocar e levantar aqui e ali, que vão aproveitar a vida e, finalmente, serem felizes. Há também quem diga que está fadado à infelicidade por ser do jeito que é.

Então em meio ao caos me surgiu vontade de viver. Imensa vontade. Fui tomada pela vontade de apreciar cada detalhe da paisagem que me recebe todas as manhãs ao ir trabalhar. Vontade de esquecer meus problemas e sentir todos os cheiros e sons, até mesmo os ruins, que me cercam. De tocar todas as texturas do caminho.

Vontade de aceitar minhas feridas e cicatrizes que fazem de mim ser quem eu sou. Apenas eu, no meio de bilhões de pessoas no mundo. Vontade de conviver com meus problemas e imperfeições. De aceitar as pessoas e de me aceitar. De me atrelar a minha única e disponível existência neste mundo.

Eu quero viver de segunda a segunda as alegrias e tristezas do meu caminhar. Quero sentir a dor de ser quem eu sou. Não quero esperar “estar” para ser feliz. Não quero aceitação, quero ser. Vou tentar, errar, fracassar, conseguir, vou chorar, sorrir, envelhecer, mas vou viver, porque tenho vontade de viver.

“Tudo isso está bem dito.. Mas devemos cultivar nosso jardim”
“Cândido, ou O Otimismo” de Voltaire.

Vamos conversar?

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