Fotografar é um ato inerente à nossa necessidade de tentar transformar em eterno todo momento que nos toca. É como se constantemente estivéssemos preocupados em fazer com que nossas memórias ganhem forma física tornando-se possíveis de serem guardadas, tocadas, expostas e admiradas. O ato de fotografar vai além do simples registro de uma cena. É como se disséssemos para a vida que gostaríamos de ser eternos. Na fotografia não existem limitações, não existem imitações, não existem regras e é a maneira mais descomplicada de falar o que se sente.

Nunca senti que a minha escrita ou a minha fotografia precisavam ser admiradas, elogiadas ou amadas por alguém que não fosse eu. Mas foi libertador saber que o meu olhar como registrador de momentos tocava as pessoas. Foi aí que minha atenção voltou-se para todos aqueles que me rodeavam. Foi expondo minhas capturas e conhecendo os registros de outras pessoas que me deparei com a beleza e a necessidade de cada ser humano. Enquanto produtor de conteúdo - ou artista - sempre busquei produzir imagens que falassem algo. Nunca foquei somente na subjetividade da poesia, portanto enquanto planejava um trabalho fotográfico me preocupava em transmitir alguma história e/ou sentimento. Foi exatamente nesse momento que descobri que não era o único que buscava meios de ser ouvido. Trabalhei com colegas que tinham tantos anseios e tanto a dizer quanto eu, e também buscavam estabelecer diálogo utilizando fotos como pontes. Logo eu que jamais tivera voltado minha atenção para todos que me rodeavam consegui encontrar pessoas tão parecidamente humanas.
Enquanto que era possível vislumbrar o meu envolvimento com outras pessoas, era possível também ver o pano de fundo da minha paixão como capturador de momentos: a natureza de cada coisa...


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