MICRO MUNDO

By Tiago Ferreira - 24.8.23

O que esperam de mim? Esperam que eu mude o mundo, que contribua de maneira significativa para a história? Ainda escreve meus próprios capítulos - questionando o uso dos porquês. Talvez esperem que eu revolucione com movimentos ativistas, com causas relevantes e sustentante bandeiras sobre a diversidade das cores. Mal sei o que vestir quando acordo, mesmo sendo essa uma preocupação nem tão preocupante. Percorro quereres singulares que flertam a ambiguidade entre passar despercebido ou ser chamado para sentar numa roda de amigos.

O dia não precisa ter tantos acontecimentos, mas eu ainda penso sobre se posso contribuir com o mundo para deixar dias de sol mais coloridos ou dias de outono mais cinzas. Não quero amores que precisem ser repartidos com todos aqueles que também precisam de amores. O que esperam que eu faça com as coisas que evitei? Parece elegante passar pelas friezas do cotidiano sem obrigatoriamente dizer que a frieza não está alocada de maneira correta. E se tudo estiver como deveria estar? O simples fato de que eu mexo com o mundo e ele não precisa mexer comigo me faz querer algo parecido com a tranquilidade. A gente coexiste, mas não desiste de existir cada um em seu devido lugar.

Eu sou singularidade - talvez me caiba o singular -, mas compreendo a pluralidade. Volto para o ponto em que me vejo contribuindo para o mundo. Parado e em silêncio? Caminhando e gerenciado micro-espaços? O mundo que conheço é composto por espaços visíveis, mas também tem espaços que chamo de micro. São nesses micro-espaços que existem micro-afetos, micro-violências, micro-amores e um monte de micro para serem gerenciados. Sou pequeno para caber em espaços pequenos e tão pequeno para querer estar num mundo que ainda descobre o micro.

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