Reatividade é a palavra que sempre evoco para conceituar os lugares que ocupo enquanto ser humano. Trabalho de anos em análise própria, em autodescobertas, em desafios solucionados e em lições de casa realizadas depois de cada nova lição ensinada. Reatividade também é a palavra que uso para resguardar o meu direito de resposta - e o direito de responder é simplesmente o direito de reagir. Reagir verbalmente, reagir fisicamente, reagir momentaneamente ou reagir a longo prazo? Questionamentos que surgem após a reação, pois jamais fui o cérebro computadorizado com uma programação definida para selecionar instantaneamente as reações que entrego/uei ao meio. Reatividade é a palavra que escolho para conceituar a humanidade que reside em mim e potencialmente reside em todes que estão ao meu redor. Ser humanidade e reatividade são duas coisas indissociáveis.
Talvez o caminho para o reagir seja o aprender, mas isso também me soa como um esforço unilateral de tentativas constantes de sobreviver em locais que são naturalmente reativos ao que sou. Até agora não ponderamos sobre a reatividade em caráter positivo ou negativo. Não consigo usar os dois polos mencionados anteriormente por acreditar que reagir é o sintoma de vida que carrego comigo diariamente. Nesse trecho do texto preciso conceituar novamente quem sou: periférico, pobre, preto, assexual e um profissional da saúde. Tenho que descrever os marcadores que tangem a minha existência para ceifar as possibilidades tendenciosas de manipularem minhas palavras e transformarem a reatividade em uma arma de batalha sem critérios, sem nuances, sem realmente pertencer ao que de fato importa: a humanidade.
Reagir pode ou não ser uma escolha, mas é necessária muita força para escolher. Força é outro conceito bem subjetivo para mencionarmos, pois cada um vive a força que conhece, manipula a força que aprendeu, sobrevive da força que se alimenta diariamente e sabe onde colocar a força para escolher o que fazer a partir de determinado local. A gente precisa entender sobre nós e delimitar aquilo que tomaremos como valores. Precisamos ter repertório para entender que a raiva também está devidamente validada como uma emoção. Respeitar a humanidade para que a nossa a raiva se transforme, crie vida e se dissolva.
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