
O homem que sou coube no espaço que construí. Sem pegar tijolinhos da obra do vizinho, sem cimentar o chão com a areia do vizinho e sem cobrir o meu telhado com as telhas do vizinho. Construí o local que caibo hoje e me encontrei dentro da possibilidade de expansão. A vida, já descrita e definida aqui inúmeras vezes, é uma expansão constante entre saberes, deveres, lições, apreenderes, ensinamentos e tantas outras demandas que possuem como base a troca. Troca de locais, troca de pensamentos, troca de informações e troca de tudo aquilo que se movimenta ao nosso redor.
O homem que sou está comportado no seu próprio espaço - e isso inclui falar sobre sua própria existência sem a resistência de ser mal interpretado. As histórias possuem tantas versões, mas não é na suspeição do trajeto de outrem que conseguimos caracterizar a validação da nossa própria história. O respeito está dentro do conceito da existência, tendo que obrigatoriamente se curvar diante de tudo aquilo que fugiu de uma possível normatividade. O homem de respeito que sou aprendeu a caber na pluralidade e encontrou na diversidade abrigo para significar a existência. Os trejeitos que carrego em mim são meus, o meu tom de voz é meu, meu cabelo me pertence e eu existo dentro do meu próprio espaço.
Pensei em ser aquilo que sempre quis ser e mirei nas minhas próprias tratativas, organizando as minhas próprias demandas, meus próprios anseios. Saber se ponderar, se categorizar, se posicionar e se definir. Se definir para longe da rigidez, fortalecido por valores reais, reivindicando espaços, fortalecendo a minha própria percepção de casa. O homem que sou se construiu e se descontruiu, se viu intitulado em cartaz e provedor da sua própria sanidade.
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