Aos leitores: esse post foi escrito por Maryanne Simplício. A Mary é minha amiga e aceitou meu convite para falar sobre os primeiros dez dias do "Agosto 30/30". As palavras dela fecham a primeira etapa do projeto e apresentam uma lista das publicações realizadas até então. Deguste os dizeres e sentidos da visão incrível de uma amiga e leitora. E clique nos títulos para visitar as publicações. Senhoras e senhores, com a palavra, minha amiga Mary:

Tiago Ferreira traz em seus textos sentimentos nítidos em cada linha. Em 'Submerso' ele nos diz que é necessário sentir a dor e aprender com ela para termos noção de nossas forças e assim podermos usá-las. Há muitos momentos em nossas vidas que nos sentimos desnorteados por acontecimentos dolorosos e entramos em desespero, porém, é primordial passar pelo caos e sentir todas as emoções que ele nos causa para termos capacidade de reconhecer nossos limites e aprendermos com ele.
Viver nunca foi e nunca será uma tarefa fácil. Em 'Assassinato' é possível ver um pouco disso também. Vivemos no meio de pessoas que velam a maldade em seu olhar. Quando notamos, isso nos fere, mas também nos dá impulso para continuar - de uma forma ou de outra. Lidar com pessoas é complicado. Muitas nos querem ver bem, mas o bem delas é dentro de uma caixinha cheia de rótulos, preconceitos e discriminações. Quando entendemos que somos imensidão e não nos limitamos a ficar presos dentro de algo tão pequeno, tais pessoas sentem-se no direito de nos julgar, censurar e desprezar. Sobre a loucura Nietzsche já dizia: "e aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "De louco, todo mundo tem um pouco" e certamente quem disse isso quis dizer que as vezes só nós sabemos o que se passa dentro da gente e aqueles que não entendem, nos julgarão sempre e com minhas experiências aprendi que nesse mundo é melhor viver louco do que são [sobre 'Dentro da Loucura']
Aqueles que estão mais próximos de nós sãos justamente aqueles que tem o poder de nos amar ou de nos matar. Em 'O buquê de flores', Tiago nos mostra como é mais fácil para as pessoas escolherem ferir o outro por mero prazer, à dar a elas um pouco de afeto. Quando feridos, somos obrigados a aprendermos a nos curar sozinhos. Será que soa exagero dizer que esse tipo de coisa permeia a vida de todos? Vou me arriscar a dizer que sim, infelizmente.
Em 'Considerações sobre uma ilusão de família', ao meu ver, é possível ter três interpretações: se seguirmos a linha de raciocínio da primeira parte do texto, é fácil entender que a caligem em nossos olhos nos faz seguir por caminhos desconhecidos e perigosos; na segunda parte podemos perceber que não é possível caber numa caixa que não é do nosso tamanho, ou seja, é doloroso se espremer para fazer parte daquilo que é pequeno demais para nossa imensidão. E por fim, na terceira e última parte deste texto, Tiago mesmo conclui o que eu já disse até agora: quando percebemos o tamanho do Universo que temos em nós mesmos, não fazemos mais questão de fazer parte de nenhuma galáxia encolhida. Quando nos damos conta de tudo isso aprendemos a seguir mesmo vivendo num caos, mesmo destruído. É preciso ter força e coragem para ver o mundo mais bonito e foi isso que o Tiago menciona ter feito no escrito 'Pomposo'.
Viver é um eterno construir e desconstruir. Seja literal ou metaforicamente falando, em 'Lima? Só se for a laranja', observamos que viver é ser tudo aquilo que julgamos sermos capazes. Não importa qual nossa identificação. Nomes? Para quê? Isso não define nem metade do que somos!
Tiago nos dá um recado importantíssimo sobre o quão importante é enxergar a simplicidade das coisas e encontrar no simples tudo aquilo que só é possível ser visto com olhos de amor, esperança, empatia. 'Cegueira' é o tipo de escrito que deveria ser lido todos os dias como um mantra.
Todos os textos aqui no Limoções carregam muitos sentimentos distintos entre si: culpa, dor, esperança, renascença, equilíbrio, amor, guerra, morte, cura... E no texto "Eu não quis ver" não é diferente. Podemos ver nitidamente o sentimento de culpa por ter se doado demais à alguém que nunca compreendeu o valor da reciprocidade. Tornou-se comum nos sentirmos assim nos dias atuais. Amar virou sinônimo de banalidade.
Humildade: virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade. Esse é o significado dessa palavra. Em 'Lucidamente Louco', nós vemos a humildade em que Tiago encara a si próprio: como ser humano. Estamos todos propensos a cair, perder, chorar, errar. Mas somos todos capazes de levantar, ganhar, sorrir e acertar também. É preciso se ter humanidade porque humanos, já somos e como humanos, pecamos.
Independente de como a vida seja precisamos vivê-la para termos experiências. Quanto mais experiências temos, mais amadurecemos. Há quem amadurece jovem e há quem amadurece somente em sua ancianidade. Nascer e morrer faz parte da vida de qualquer ser. Para aqueles que amadurecem em sua juventude, constata-se que morrem jovem - metaforicamente. O mundo é uma bolha caótica e quanto mais cedo se tem a percepção disso, menos faz sentido continuar vivo. [Morte Prematura?]
Há determinados momentos em nossa vida em que precisamos mudar a rota, seguir outra trajetória, desconstruir conceitos e verdades veladas em nós para criarmos outra percepção daquilo que vemos através de outro ângulo. O combustível da vida é a inspiração, sem ela morremos. [A morte e o combustível]. Podemos analisar que o combustível de vida do Tiago é a escrita. Ele faz menção disso em 'A escrita movimenta mundos', porque escrever é sinônimo de liberdade, é a carta de alforria para as palavras dentro de nosso ser. Escrever é se encontrar e deixar ser encontrado, lido, sentido e interpretado de mil e uma maneiras distintas. Ele permanece falando disso em 'Eu sou escritor' e na minha visão, qualquer um pode ser aquilo que quiser ser. Não importa quais adjetivos te dão, como te rotulam, como te enxergam... Só você pode se definir como bem entender e fazer ou não disso algo temporário ou definitivo.
Nestes últimos dias, Tiago finaliza a primeira etapa do projeto falando sobre transição. Transição do que foi, de quem é e do que está se tornando. A pessoa que foi ontem, não é a mesma de hoje. A pessoa que é hoje, pode não ser a mesma em um segundo seguinte. As vezes é preciso recebermos algumas bofetadas da vida para acordarmos de novo e percebermos com mais clareza tudo aquilo que fomos, somos e queremos ser. Assim que se trabalha na construção do ser.
O silêncio pode ser ensurdecedor para quem consegue ouvi-lo. O silêncio fala muito de nós mesmos e fala coisas que nem sempre gostamos de ouvir. Mas não podemos esquecer que somos falhos e tudo bem errar. Aprendemos com os erros e acertamos depois. Não somos perfeitos. E não deveria haver problema nenhum em se mostrar para o mundo desse jeito. No entanto, a crueldade é tamanha que nos obriga a nos escondermos e criarmos nosso próprio refúgio longe de tudo. [Deixado na praia 1 e 2] Acabamos por acreditar que não temos valor algum nessa vida. Criamos nossos próprios rótulos, nos ferimos com pensamentos tortuosos a todo tempo, nos julgamos incapazes por erros pequenos e esquecemos que errar faz parte do processo de crescimento. Todos temos a chance de nos desconstruir e reconstruir do zero quantas vezes se fizer necessárias. Para isso basta existir em nós um mínimo de força de vontade e coragem... [Deixado na praia 3]
Lembrem-se sempre da simbologia da fênix. Ela representa morte e renascimento. Elas são criaturas capazes de suportar toda a dor até não mais aguentar, e renascer das próprias cinzas. Assim como Tiago, em sua última publicação, menciona um recomeço, você também pode fazer o mesmo.
Tiago encontrou nas palavras a força e a imortalidade, tornou-se forte e imortal em sua arte. Você pode escolher fazer o mesmo com aquilo que lhe serve de alento para esse mundo caótico.
Seja aquilo que você quer ser, mas seja o melhor que puder.
Seja amor, o mundo já está cheio de ódio e rancor.
Seja a diferença que você deseja.
Nesses primeiros dez dias do projeto Agosto 30/30 falei sobre muitas coisas, mas a enfase nitidamente ficou voltada para a minha escrita. A escrita que decidi carregar para a minha vida como a maneira mais pura de me manter vivo, é a mesma que movimenta o mundo de quem me acompanha. A Mary é minha amiga pessoal e uma das leitoras mais fiéis do meu mundo escrito. Ela chegou na minha vida por intermédio da escrita e desde então nunca mais foi embora. Pedir a ela que falasse sobre essa primeira etapa do Agosto 30/30 foi a coisa mais inteligente que eu poderia ter pensado. Ler e poder sentir a importância da interpretação de uma leitora amiga é algo que não possui preço. A Mary mostrou seu olhar e definitivamente falou sobre todos os escritos desse primeiro momento. Obrigado de coração Mary por ainda permitir que a minha escrita encontre o seu coração e sua alma. Obrigado por ter passado comigo pelo "My Days", "um anacrônico" e por ter permanecido aqui no Limoções. Você é definitivamente uma pessoa incrível! 👌👊💜💜💜💜💜💙💙💙💙💗💗💗💗
Ainda faltam mais 20 dias para o Agosto 30/30 terminar. Vem muitas outras palavras por aí. Continue acompanhando. Lembre-se que você também pode publicar por aqui. É só acessar a página "Contato".
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