AS DEZ PRIMEIRAS PÁGINAS - MARYANNE SIMPLÍCIO

By Tiago Ferreira - 10.8.18

Aos leitores: esse post foi escrito por Maryanne Simplício. A Mary é minha amiga e aceitou meu convite para falar sobre os primeiros dez dias do "Agosto 30/30". As palavras dela fecham a primeira etapa do projeto e apresentam uma lista das publicações realizadas até então. Deguste os dizeres e sentidos da visão incrível de uma amiga e leitora. E clique nos títulos para visitar as publicações. Senhoras e senhores, com a palavra, minha amiga Mary:

Ao entrar no Limoções, não dá para esperar menos que um misto de emoções. Cada texto te atinge da forma mais sublime que possas imaginar. Acompanho as palavras do Tiago desde os primórdios. Não há maneira melhor para expressar o quanto já fui atingida por cada uma delas senão fazendo uma pequena e humilde análise desses dez primeiros dias do projeto Agosto 30/30. Sinto-me pequenina demais para isso, mas não me sentiria bem ao recusar tal convite depois de tantas inspirações que já retirei daqui - e em conversas com o próprio Tiago.

Tiago Ferreira traz em seus textos sentimentos nítidos em cada linha. Em 'Submerso' ele nos diz que é necessário sentir a dor e aprender com ela para termos noção de nossas forças e assim podermos usá-las. Há muitos momentos em nossas vidas que nos sentimos desnorteados por acontecimentos dolorosos e entramos em desespero, porém, é primordial passar pelo caos e sentir todas as emoções que ele nos causa para termos capacidade de reconhecer nossos limites e aprendermos com ele.

Viver nunca foi e nunca será uma tarefa fácil. Em 'Assassinato' é possível ver um pouco disso também. Vivemos no meio de pessoas que velam a maldade em seu olhar. Quando notamos, isso nos fere, mas também nos dá impulso para continuar - de uma forma ou de outra. Lidar com pessoas é complicado. Muitas nos querem ver bem, mas o bem delas é dentro de uma caixinha cheia de rótulos, preconceitos e discriminações. Quando entendemos que somos imensidão e não nos limitamos a ficar presos dentro de algo tão pequeno, tais pessoas sentem-se no direito de nos julgar, censurar e desprezar. Sobre a loucura Nietzsche já dizia: "e aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música". "De louco, todo mundo tem um pouco" e certamente quem disse isso quis dizer que as vezes só nós sabemos o que se passa dentro da gente e aqueles que não entendem, nos julgarão sempre e com minhas experiências aprendi que nesse mundo é melhor viver louco do que são [sobre 'Dentro da Loucura']

Aqueles que estão mais próximos de nós sãos justamente aqueles que tem o poder de nos amar ou de nos matar. Em 'O buquê de flores', Tiago nos mostra como é mais fácil para as pessoas escolherem ferir o outro por mero prazer, à dar a elas um pouco de afeto. Quando feridos, somos obrigados a aprendermos a nos curar sozinhos. Será que soa exagero dizer que esse tipo de coisa permeia a vida de todos? Vou me arriscar a dizer que sim, infelizmente. 

Em 'Considerações sobre uma ilusão de família', ao meu ver, é possível ter três interpretações: se seguirmos a linha de raciocínio da primeira parte do texto, é fácil entender que a caligem em nossos olhos nos faz seguir por caminhos desconhecidos e perigosos; na segunda parte podemos perceber que não é possível caber numa caixa que não é do nosso tamanho, ou seja, é doloroso se espremer para fazer parte daquilo que é pequeno demais para nossa imensidão. E por fim, na terceira e última parte deste texto, Tiago mesmo conclui o que eu já disse até agora: quando percebemos o tamanho do Universo que temos em nós mesmos, não fazemos mais questão de fazer parte de nenhuma galáxia encolhida. Quando nos damos conta de tudo isso aprendemos a seguir mesmo vivendo num caos, mesmo destruído. É preciso ter força e coragem para ver o mundo mais bonito e foi isso que o Tiago menciona ter feito no escrito 'Pomposo'. 

Viver é um eterno construir e desconstruir. Seja literal ou metaforicamente falando, em 'Lima? Só se for a laranja', observamos que viver é ser tudo aquilo que julgamos sermos capazes. Não importa qual nossa identificação. Nomes? Para quê? Isso não define nem metade do que somos! 

Tiago nos dá um recado importantíssimo sobre o quão importante é enxergar a simplicidade das coisas e encontrar no simples tudo aquilo que só é possível ser visto com olhos de amor, esperança, empatia. 'Cegueira' é o tipo de escrito que deveria ser lido todos os dias como um mantra.

Todos os textos aqui no Limoções carregam muitos sentimentos distintos entre si: culpa, dor, esperança, renascença, equilíbrio, amor, guerra, morte, cura... E no texto "Eu não quis ver" não é diferente. Podemos ver nitidamente o sentimento de culpa por ter se doado demais à alguém que nunca compreendeu o valor da reciprocidade. Tornou-se comum nos sentirmos assim nos dias atuais. Amar virou sinônimo de banalidade.

Humildade: virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade. Esse é o significado dessa palavra. Em 'Lucidamente Louco', nós vemos a humildade em que Tiago encara a si próprio: como ser humano. Estamos todos propensos a cair, perder, chorar, errar. Mas somos todos capazes de levantar, ganhar, sorrir e acertar também. É preciso se ter humanidade porque humanos, já somos e como humanos, pecamos. 

Independente de como a vida seja precisamos vivê-la para termos experiências. Quanto mais experiências temos, mais amadurecemos. Há quem amadurece jovem e há quem amadurece somente em sua ancianidade. Nascer e morrer faz parte da vida de qualquer ser. Para aqueles que amadurecem em sua juventude, constata-se que morrem jovem - metaforicamente. O mundo é uma bolha caótica e quanto mais cedo se tem a percepção disso, menos faz sentido continuar vivo. [Morte Prematura?]

Há determinados momentos em nossa vida em que precisamos mudar a rota, seguir outra trajetória, desconstruir conceitos e verdades veladas em nós para criarmos outra percepção daquilo que vemos através de outro ângulo. O combustível da vida é a inspiração, sem ela morremos. [A morte e o combustível]. Podemos analisar que o combustível de vida do Tiago é a escrita. Ele faz menção disso em 'A escrita movimenta mundos', porque escrever é sinônimo de liberdade, é a carta de alforria para as palavras dentro de nosso ser. Escrever é se encontrar e deixar ser encontrado, lido, sentido e interpretado de mil e uma maneiras distintas. Ele permanece falando disso em 'Eu sou escritor' e na minha visão, qualquer um pode ser aquilo que quiser ser. Não importa quais adjetivos te dão, como te rotulam, como te enxergam... Só você pode se definir como bem entender e fazer ou não disso algo temporário ou definitivo. 

Nestes últimos dias, Tiago finaliza a primeira etapa do projeto falando sobre transição. Transição do que foi, de quem é e do que está se tornando. A pessoa que foi ontem, não é a mesma de hoje. A pessoa que é hoje, pode não ser a mesma em um segundo seguinte. As vezes é preciso recebermos algumas bofetadas da vida para acordarmos de novo e percebermos com mais clareza tudo aquilo que fomos, somos e queremos ser. Assim que se trabalha na construção do ser.

O silêncio pode ser ensurdecedor para quem consegue ouvi-lo. O silêncio fala muito de nós mesmos e fala coisas que nem sempre gostamos de ouvir. Mas não podemos esquecer que somos falhos e tudo bem errar. Aprendemos com os erros e acertamos depois. Não somos perfeitos. E não deveria haver problema nenhum em se mostrar para o mundo desse jeito. No entanto, a crueldade é tamanha que nos obriga a nos escondermos e criarmos nosso próprio refúgio longe de tudo. [Deixado na praia 1 e 2] Acabamos por acreditar que não temos valor algum nessa vida. Criamos nossos próprios rótulos, nos ferimos com pensamentos tortuosos a todo tempo, nos julgamos incapazes por erros pequenos e esquecemos que errar faz parte do processo de crescimento. Todos temos a chance de nos desconstruir e reconstruir do zero quantas vezes se fizer necessárias. Para isso basta existir em nós um mínimo de força de vontade e coragem... [Deixado na praia 3]

Lembrem-se sempre da simbologia da fênix. Ela representa morte e renascimento. Elas são criaturas capazes de suportar toda a dor até não mais aguentar, e renascer das próprias cinzas. Assim como Tiago, em sua última publicação, menciona um recomeço, você também pode fazer o mesmo. 

Tiago encontrou nas palavras a força e a imortalidade, tornou-se forte e imortal em sua arte. Você pode escolher fazer o mesmo com aquilo que lhe serve de alento para esse mundo caótico.

Seja aquilo que você quer ser, mas seja o melhor que puder. 
Seja amor, o mundo já está cheio de ódio e rancor.
Seja a diferença que você deseja.



Nesses primeiros dez dias do projeto Agosto 30/30 falei sobre muitas coisas, mas a enfase nitidamente ficou voltada para a minha escrita. A escrita que decidi carregar para a minha vida como a maneira mais pura de me manter vivo, é a mesma que movimenta o mundo de quem me acompanha. A Mary é minha amiga pessoal e uma das leitoras mais fiéis do meu mundo escrito. Ela chegou na minha vida por intermédio da escrita e desde então nunca mais foi embora. Pedir a ela que falasse sobre essa primeira etapa do Agosto 30/30 foi a coisa mais inteligente que eu poderia ter pensado. Ler e poder sentir a importância da interpretação de uma leitora amiga é algo que não possui preço. A Mary mostrou seu olhar e definitivamente falou sobre todos os escritos desse primeiro momento. Obrigado de coração Mary por ainda permitir que a minha escrita encontre o seu coração e sua alma. Obrigado por ter passado comigo pelo "My Days", "um anacrônico" e por ter permanecido aqui no Limoções. Você é definitivamente uma pessoa incrível! 👌👊💜💜💜💜💜💙💙💙💙💗💗💗💗

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Ainda faltam mais 20 dias para o Agosto 30/30 terminar. Vem muitas outras palavras por aí. Continue acompanhando. Lembre-se que você também pode publicar por aqui. É só acessar a página "Contato".

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