O VULCÃO DE MARYANNE SIMPLÍCIO

By Tiago Ferreira - 15.8.18

COMO VULCÃO
Por Maryanne Simplício

Tudo está muito confuso para mim. Parece que quando eu acho que me encontrei, mais eu me vejo perdida. Não consigo decifrar meus sentimentos, eles estão maiores, mais intensos. Tenho pensado muito sobre tudo o que tenho feito e da forma como tenho agido e cheguei à conclusão de que eu preciso voltar a sentir.


Independente de tudo o que aconteceu na minha vida, independente de todas as frustrações, dores e feridas, eu preciso me libertar da prisão em que me coloquei. Já passei tanto tempo me anulando, servindo como pano de chão para todas as pessoas ao meu redor que hoje não quero mais viver assim.

Despertei minha alma que há muito estava adormecida com tantas drogas que eu a dava. Talvez seja esse o motivo de tanta confusão mental e emocional, tudo vem de uma só vez e eu me sinto incapaz de controlar – não que eu queira controlar. No entanto, sinto que o que eu posso fazer é apenas pensar, sentir e refletir.


E nesse ciclo de pensar, sentir e refletir cheguei a conclusão de que estou em uma nova fase, a fase de um vulcão que passa de “adormecido” para “em erupção”. E por muito tempo me senti assim, sendo um vulcão adormecido onde todos caminham por ele por prazer ou curiosidade; exploram, veem o que querem ver e depois partem. Porém, agora eu me sinto como um vulcão que entrou em erupção e ninguém viu as chamas, mas as lavas continuam a percorrer e quem se aproxima achando que esse vulcão ainda está adormecido se queima em toda essa incandescência intempestiva. Todo esse processo foi lento, muito lento. Antes de tudo eu me queimei por dentro, ardi em chamas até me devastar para só então transbordar e explodir toda essa fúria contida, os sonhos oprimidos, o meu eu como submisso às vontades de terceiros...


Dessa vez eu não pude conter, foi necessário. Só desse modo eu pude me ver livre da prisão maior. Ainda há outras para me libertar, entretanto, por hora, vou saborear minha passageira sensação de liberdade e me embriagar de toda essa coragem para enfrentar as outras.

Só quero lembrar a mim e a quem queira saber que: minha explosão é silenciosa, mas a fumaça qualquer um pode notar, ela percorre aos quatro ventos como a brisa do ar, só é preciso bastante cuidado para não se queimar.


CONSIDERAÇÕES
De Tiago Ferreira

A metáfora escolhida pela minha grande amiga Mary para falar sobre as mudanças internas que a alcançaram, é extramente única. "Como Vulcão" é aquele texto que te prende e te arrepia por inteiro por falar sobre um processo de descobertas e mudanças que todos passamos em diversas fases da nossa vida.

"Antes de tudo eu me queimei por dentro, ardi em chamas até me devastar para só então transbordar e explodir toda essa fúria contida, os sonhos oprimidos, o meu eu como submisso às vontades de terceiros..." - todos temos que passar por esse momento de introspectividade para nos conhecermos e para nos aproximarmos do melhor e do pior de nós para aprendermos a valorizar toda a nossa essência. Nem sempre o que nos forma agrada quem está entorno de nós e - lamentavelmente - oprimimos nossa natureza por algumas pessoas ou vetamos vontades e sonhos por temer o olhar de outrem. Passamos a discutir com nós mesmos e colocamos barreiras e filtros para apenas nos sujeitarmos aos desejos e olhares do outro sobre nós. Esse tipo de boicote - aquele boicote que impede de sermos o que queremos ser - é o mais doloroso para qualquer criatura.


"Dessa vez eu não pude conter, foi necessário. Só desse modo eu pude me ver livre da prisão maior. Ainda há outras para me libertar, entretanto, por hora, vou saborear minha passageira sensação de liberdade e me embriagar de toda essa coragem para enfrentar as outras." - esse trecho é um dos que mais me alcança em tantos aspectos. Sempre falei sobre liberdade e sobre lutar para manter-se único independentemente do olhar do outro sobre mim e sempre me ficou muito claro que existem diversas maneiras de prisões que constantemente tentam colocar minha autenticidade dentro de uma jaula. Transbordar é algo necessário para todos nós. Não importa se iremos transbordar acertos ou erros, sentimentos bons ou ruins. O importante é basicamente estar preparado para viver cada momento de intensidade da vida estando bem com você mesmo. Não tem preço se olhar e perceber que é possível ser o que se quer ser e estar pronto para enfrentar todos os obstáculos que tentarem impedir o nosso caminhar.

O texto de Maryanne é basicamente aquele gatilho de coragem que toca a alma e nos faz ver que não podemos nos colocar dentro de uma prisão por nada e nem por ninguém. Não tem como não ler essas palavras e perceber que é possível ser dono do seus caminhos mediante a todas as dificuldades. Cada palavra alcança a alma! Obrigado pelo texto, Mary! ❤❤❤❤



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