"Não existe medo de morrer que me faça desistir de ir para cima daqueles que deram as mãos para o demônio."
Sei que minha alma possui valor e sei também que existe uma certa disputa para decidir quem vai ficar com ela. Meus inimigos deram as mãos para o diabo e juntos estão tentando me transformar em um prêmio. Sou o animal dessa caçada e ainda estou longe de cair na próxima armadilha. Agora sei que tenho valor e vou usar isso para dar um belo dia de decepção para os meus caçadores.
Vivendo entre ser e entre se esconder, foi assim que passei a definir a vida que levo desde que me vi como o troféu de uma caçada. Mas - pelo menos por agora - estou sentado esperando alguma ataque. Sou tão óbvio que não sei os porquês de ainda estar andando livremente. Tenho a autonomia de ir e vir e parece que rebebo a graça de sempre me safar diante da desgraça. Tenho esperado até a momento do ataque para correr em direção ao meu inimigo. Tenho virtudes que não são vistas por quem tem um certo nível de desapreço por quem sou. Tenho armas simples e diretas. Tenho palavras. Machucar de volta quem me atira a primeira pedra deixou de ser uma prioridade, porém, no meio do caos, descobri que posso usar algo além das pedras, posso usar palavras.
O que tenho a dizer sempre assusta. Deixa coagido quem chegou até mim incumbido da tarefa de me fazer deixar de existir. Cada centímetro de mim é composto por palavras. A dificuldade de me matar está no simples fato de que morto eu ainda posso continuar a falar. Decidi não correr mais para longe do mal, vou de encontro ao destrutivo e mentiroso. Não existe medo de morrer que me faça desistir de ir para cima daqueles que deram as mãos para o demônio.
Desde que descobri o valor da minha alma, passei a bater de frente com o perigo eminente. Sou a forma de batalha que não devolve a dor com as mesmas armas.
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