A horta permaneceu seca e quase que perdida em meio a poeira, a natureza carecia da chuva para voltar a reluzir a vida. Enquanto que dentro de mim existia uma chuva ácida de medo e instabilidade, eu assistia a vida se desbotar em meio a poeira. Estou perdido dentro do meu próprio tempo instável e fora da minha jamais estável instabilidade. Se eu pudesse ao menos por um segundo reaver minha alegria, não estaria afogando em arrependimentos causados por erros involuntários. A minha propensão em morrer dentro dessa enchente que acontece dentro de mim é assustadora até mesmo para quem já morreu afogado por ela outras vezes.

Não me é producente deixar minhas palavras ocultas, guardadas, dentro de mim. Se minha loucura é louca demais e minhas analogias não fazem sentido, só peço para que me deixem vivo sem rimas e sem lógica, sem coerência e, se necessário, mergulhado em reticencias. Não fiz mal a humanidade todas as vezes que morri perdido dentro da minha própria tempestade. Jamais machuquei intencionalmente alguém todas as vezes que a minha enchente particular destruiu aquilo que demorei para moldar. Por favor, que eu não seja impedido de ser eu.
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