UM JOGO CHAMADO CONVENÇÕES SOCIAIS

By Tiago Ferreira - 13.9.16


A partir de hoje vou entrar num silêncio profundo e vou usar todas as reticencias que me couberem. A partir de hoje vou olhar mais e falar menos, pois me cansei do olhar de pena vindo de todos aqueles que já leram ou já escutaram minhas palavras. Decidi usar toda a minha desenvoltura com as palavras para criar histórias e eternizar momentos de extrema alegria inventados por mim, pois me cansei de carecer da participação alheia nas composições de todos os meus sentimentos. Vou engolir todas as minhas palavras para posteriormente transcreve-las longe de todos os olhares da acusação, do repúdio e do descaso.

Nessa vida vejo pessoas rodeadas por outras pessoas e vejo cada ser humano que está em minha volta mergulhado em convenções sociais enquanto que eu jamais tive aptidão para fazer parte das rodinhas desse joguinho que são as relações interpessoais. Sei que não estou aqui dizendo nenhuma novidade, mas, mais uma vez, vou confessar que sempre acabo mal e quebrado toda vez que me proponho a participar da vida do outro. Sempre acabo mal interpretado, mal visto, mal querido e indo embora sozinho. Não me refiro a sair vitorioso de qualquer desavença ou em ter a chance de pisar em quem me magoou, mas me refiro ao meu possível azar ou a minha possível inaptidão para ser um jogador. Se eu quisesse de fato ser vitorioso, não estaria aqui totalmente e absolutamente acostumado a ser um mero perdedor. Eu nunca soube mentir ou ser falso com o que sinto quando o assunto fora todas as minhas relações em todas as instancias, mas sempre falei e sempre fui ignorado, sempre deixei explicito e sempre tive que lidar com uma cegueira engendrada vinda daqueles que sempre fizeram questão de me mal interpretar.

Já falei inúmeras vezes que minhas palavras são tudo que tenho e já disse outras dezenas de vezes que, por muitas vezes, é necessário me sentir com o coração. Como poderia eu, um mero perdedor acostumado a perder, continuar alimentando a derrota sem ao menos me dar uma outra chance, uma outra chance de perder novamente.

Enquanto que a minha origem sempre fora a derrota, a humildade, a transparência de ultima hora e o amor intenso, todos que se aproximaram de mim terrivelmente almejavam ser superiores. Nessa minha trajetória curta e exaustiva tive que me retirar da mesa por vezes, tive que romper círculos e tive que carregar o peso da falta de reciprocidade, da incompreensão proposital e das injustiças apresentadas a mim pelo preconceito e discriminação.

Doravante a um recente acontecimento que classifiquei como o estopim da minha série de decisões, estou guardando minhas vontades, minhas perdas, minhas desilusões e minha eterna vontade - trazida no momento de raiva - de ser um bom jogador.

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